São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006 |
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Psicólogo de Gana projeta final
Yao Mfodwo aponta vitória certa contra o Brasil e avalia que problema será conter euforia pós-jogo
FÁBIO VICTOR ENVIADO ESPECIAL A WÜRZBURG Numa seleção escaldada por crises internas e histórias de vida amargas, como Gana, o trabalho de um psicólogo tenderia a se concentrar nos fantasmas do passado. Mas Yao Mfodwo, o encarregado de aliviar as mentes dos adversários do Brasil amanhã, se mostra mais preocupado com o que está por vir. Mfodwo, médico psiquiatra de formação, vê dificuldades em conter a euforia dos atletas após eliminarem os pentacampeões mundiais, o que não tem dúvida que acontecerá. "Minha maior missão", diz ele, "é manter os times com os pés no chão depois que vencermos o Brasil". A afirmação é seguida por uma sonora gargalhada, o que não significa uma brincadeira. Quando Mfodwo fala, vê-se que é seríssimo. "Não é necessária motivação extra para derrotar o Brasil, o adversário em si já basta. Por isso agora não tenho dificuldades. Elas vão começar a aparecer depois, quando estivermos nas quartas e na semifinal." Contratado a pedido do técnico Ratomir Dujkovic, o psiquiatra não usa livros de auto-ajuda ou filmes-metáforas nem trabalha com base no perfil psicológico dos atletas, métodos comuns em equipes brasileiras. A seleção de Scolari campeã em 2002 tratava o tema como crucial. Sob Parreira o time continua com acompanhamento (de dois profissionais, Evandro Mota e Regina Brandão, esta a mesma que auxiliou Scolari), mas nem uma nem outro levou psicólogo à Copa. Mfodwo, ganense que vive na África do Sul, conta que assumiu em maio e precisou ser ágil. "Como tive pouco tempo, minha prioridade é identificar alvos individuais." Por motivos éticos, se recusa a dar exemplos. É sabido que Gana tem muitos atletas com histórico conturbado, como o zagueiro Kuffour, que já brigou com o atual técnico e viveu como imigrante irregular na Itália. Muitos tiveram infâncias miseráveis e educação sofrível. A insubordinação é uma constante, situação vivida pelo próprio Dujkovic no início. O psiquiatra conta que os maiores problemas no grupo são apatia e falta de confiança. "Há jogadores que não engrenam, de repente paralisam. Há também quatro calouros na seleção. Converso com eles individualmente. O resultado você pode ver, olhe onde chegamos." Texto Anterior: [!] Foco: Suzana Werner dirige motorhome para seguir o marido e economizar Próximo Texto: Mídia do país pena para cobrir Copa Índice |
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