São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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JUCA KFOURI

Será o fim de uma era?

Eduardo Farah, Mustafá Contursi, Alberto Dualib, Eurico Miranda. O fim deles significa mais que isso?

VEM DO Rio o fato mais importante do ano para o futebol brasileiro e não é a agora mais difícil conquista da Taça Libertadores da América pelo Fluminense, façanha que, se consumada, merecerá não só todos os aplausos como significará a volta por cima do ultimamente tão fragilizado futebol carioca, uma escola de jogar bola que sempre que esteve na crista da onda significou hegemonia também para o futebol brasileiro.
O fato ainda mais importante, se de fato ocorrer e batemos aqui três vezes na madeira para isolar quaisquer azares, será a derrocada de Eurico Miranda, o fim do período das trevas num dos mais democráticos clubes do país, o Clube de Regatas Vasco da Gama.
Algo que tem data marcada para acontecer, esta sexta-feira, amanhã, dia 27 de junho de 2008.
Mas, sabe-se lá o que o detestável cartola tentará fazer para evitar seu funeral, razão pela qual não se deve comemorar por antecipação.
O fato concreto é um só: na primeira vez que foi realizada uma eleição no Vasco com urna eletrônica, fiscalização da OAB e policiamento ostensivo, pimba!, a oposição ganhou de goleada.
Não são poucos os dirigentes do Palmeiras que dizem o mesmo em relação ao fim da era Mustafá no que diz respeito, ao menos, às urnas eletrônicas. São inúmeros os casos que se contam de urnas que já vinham com votos em eleições passadas.
A questão relevante, no entanto, por mais que haja mesmo motivo para festejar o fim desses longos tempos de obscurantismo e opacidade, é outra: será que o fim de gente desse tipo significa mais que só isso?
Quem virá para o lugar dessa gente?
Não será mais do mesmo?
No caso do Palmeiras, por mais que haja problemas e falte coragem para fazer a verdadeira reforma, é inegável que a mudança foi para melhor e não porque o time foi campeão estadual, é claro.
No caso do Vasco, tudo indica que, também, a mudança será para melhor, com a promessa de Roberto Dinamite, por exemplo, de não se candidatar a mais que uma reeleição, que não é muito mas já é alguma coisa nova.
Mas nos casos da Federação Paulista de Futebol e do Corinthians, as quedas, motivadas pela Justiça, dos cartolas Farah e Dualib não serviram para nenhuma grande mudança, o que evidencia que a questão é estrutural e não apenas de nomes.
Claro que bons nomes podem fazer belas gestões apesar das questões estruturais, como é claro que uma estrutura profissional e transparente impede que maus nomes ajam impunemente.
Mas não só ninguém fará maravilhas sozinho na atual estrutura de poder de nosso futebol como nenhuma estrutura, por melhor que seja, garante o comportamento reto dos dirigentes, embora possa garantir a fiscalização de seus atos.
Oremos, portanto, para que amanhã seja mesmo a sexta-feira da libertação vascaína e que Roberto Dinamite, com um parceiro como Bebeto de Freitas, dois ex-atletas do bem, possa botar em marcha a reforma de que nosso futebol precisa, assim como, na verdade, todo o esporte brasileiro.
E que o Flu consiga virar um jogo que perde de 4 a 2 para a LDU.


blogdojuca@uol.com.br

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