São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Gana e EUA disputam apoio local

Torcedor sul-africano terá de decidir entre conterrâneos e "líder mundial" benquisto no país

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

Quando Gana e EUA entrarem em campo hoje, às 15h30, pelas oitavas de final, estarão disputando também o coração dos sul-africanos.
Gana, único africano ainda na disputa, leva vantagem por motivos óbvios, mas os norte-americanos não ficam muito atrás. A África negra é a região do planeta em que o Tio Sam é mais popular.
Na África do Sul, 87% aprovam o desempenho dos EUA como "líder mundial", segundo pesquisa Gallup realizada em 110 países, em 2009. Dos dez primeiros da lista dos "amigos" dos norte- -americanos, nove são africanos (o outro é Kosovo).
Os EUA são mais populares na África até mesmo do que em Israel, com quem possuem fortes laços políticos e militares e onde a aprovação é de 61%. No outro extremo, 20% dos russos gostam deles como líderes mundiais. No Brasil, são 48%.
"Sentimos o apoio nas ruas e teremos muitos torcedores sul-africanos no estádio. Mas Gana é um time africano, então não tenho ilusão de termos a maioria a nosso favor", declara Sharon Hudson-Dean, porta-voz da Embaixada dos EUA.
Segundo Tom Wheeler, do Instituto Sul-Africano de Estudos Internacionais, não há uma razão única para tamanho amor. "É uma relação que vem desde a ligação do ex-presidente Bill Clinton com Nelson Mandela, passando pelo grande volume de ajuda humanitária que George Bush direcionou ao continente", afirma ele.
De fato, quando Bush deixou a Casa Branca, no ano passado, vilipendiado no resto do mundo, poderia ter se exilado na África.
Em seu governo, intensificou-se uma política de assistência que hoje soma US$ 684 milhões somente para o combate à Aids no país-sede da Copa do Mundo. No ano passado, em todo o continente, foram 2,5 milhões de pessoas atendidas por programas financiados pelos EUA.
Isso explica, de acordo com Wheeler, por que o antiamericanismo, fenômeno mundial, é uma curiosidade estatística na África.
"A vitória do presidente Barack Obama, um negro filho de africano [seu pai era do Quênia], aumentou ainda mais a popularidade dos EUA no continente, mesmo com uma certa frustração com a atenção dada por ele à África", declarou Wheeler.


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