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Gana e EUA disputam apoio local
Torcedor sul-africano terá de decidir entre conterrâneos e "líder mundial" benquisto no país
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
Quando Gana e EUA entrarem em campo hoje, às
15h30, pelas oitavas de final,
estarão disputando também
o coração dos sul-africanos.
Gana, único africano ainda na disputa, leva vantagem
por motivos óbvios, mas os
norte-americanos não ficam
muito atrás. A África negra é
a região do planeta em que o
Tio Sam é mais popular.
Na África do Sul, 87%
aprovam o desempenho dos
EUA como "líder mundial",
segundo pesquisa Gallup
realizada em 110 países, em
2009. Dos dez primeiros da
lista dos "amigos" dos norte-
-americanos, nove são africanos (o outro é Kosovo).
Os EUA são mais populares na África até mesmo do
que em Israel, com quem
possuem fortes laços políticos e militares e onde a aprovação é de 61%. No outro extremo, 20% dos russos gostam deles como líderes mundiais. No Brasil, são 48%.
"Sentimos o apoio nas
ruas e teremos muitos torcedores sul-africanos no estádio. Mas Gana é um time africano, então não tenho ilusão
de termos a maioria a nosso
favor", declara Sharon Hudson-Dean, porta-voz da Embaixada dos EUA.
Segundo Tom Wheeler, do
Instituto Sul-Africano de Estudos Internacionais, não há
uma razão única para tamanho amor. "É uma relação
que vem desde a ligação do
ex-presidente Bill Clinton
com Nelson Mandela, passando pelo grande volume
de ajuda humanitária que
George Bush direcionou ao
continente", afirma ele.
De fato, quando Bush deixou a Casa Branca, no ano
passado, vilipendiado no
resto do mundo, poderia ter
se exilado na África.
Em seu governo, intensificou-se uma política de assistência que hoje soma US$
684 milhões somente para o
combate à Aids no país-sede
da Copa do Mundo. No ano
passado, em todo o continente, foram 2,5 milhões de pessoas atendidas por programas financiados pelos EUA.
Isso explica, de acordo
com Wheeler, por que o antiamericanismo, fenômeno
mundial, é uma curiosidade
estatística na África.
"A vitória do presidente
Barack Obama, um negro filho de africano [seu pai era
do Quênia], aumentou ainda
mais a popularidade dos
EUA no continente, mesmo
com uma certa frustração
com a atenção dada por ele à
África", declarou Wheeler.
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