São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Itália lava a roupa suja em público após eliminação

Presidente da federação reclama da escassez de jogadores selecionáv eis

ENVIADO ESPECIAL A CENTURION

A Itália promete recomeçar do zero e, assim, tentar esquecer seu pior desastre no futebol desde a derrota para a Coreia do Norte que a tirou da Copa do Mundo de 1966.
Um longo e difícil processo de autoanálise teve início ontem mesmo, em uma entrevista de uma hora e meia do presidente da federação de futebol, Giancarlo Abete.
Ao contrário da França, que se escondeu após o fiasco, a Itália decidiu expiar suas culpas em público.
Estádios, sistema de liberação de jogadores pelos clubes, investimento nas categorias de base, tudo precisa mudar. "O alarme já havia soado para nós sobre nosso nível de competitividade. Sofremos muito nas eliminatórias", declarou Abete.
O problema maior é a renovação de sua equipe, admitiu o presidente. "Há uma dificuldade objetiva de mudança geracional", afirmou.
O primeiro passo na tentativa de chacoalhar o futebol italiano já está dado, com a substituição do técnico Marcello Lippi por Cesare Prandelli, da Fiorentina, que na verdade estava planejada desde antes do Mundial.
Agora, as circunstâncias da troca são bem mais dramáticas. "Ele [Prandelli] assume numa situação difícil, inclusive do ponto de vista emocional", declarou Abete.
Mas só mudar de comandante é pouco, ele reconhece. Não há atletas selecionáveis em número suficiente.
Abete teve até que defender sua própria sobrevivência no cargo. Ao responder a uma pergunta sobre seu futuro, ele afirmou que não vê motivo para sair por ter escolhido Lippi. "Ele era o técnico campeão mundial", lembrou. Depois, falou que tem "a consciência no lugar".
Revelando um certo receio quanto à recepção para os jogadores hoje, na volta à Itália, afirmou que espera "serenidade" nas críticas e nenhum insulto pessoal.
O capitão Fabio Cannavaro, 36, que sucedeu Abete em outra longa entrevista, foi ainda mais enfático.
"Alguém precisa chamar a responsabilidade, fazer algo. Nesse momento, a Itália não está fornecendo bom material humano. É preciso reconstruir. Temos jogadores bons, mas não de primeira classe", declarou ele.
Para o zagueiro, os jogadores já sabiam que vencer a Copa seria "muito, muito difícil". "Mas queríamos ter chegado um pouco mais longe. Ninguém esperava um rendimento tão ruim."
Segundo ele, a Itália jogou um primeiro tempo "péssimo" diante da Eslováquia. "Entramos com medo de não vencer, e eles entraram livres para vencer", filosofou Cannavaro. (FÁBIO ZANINI)


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