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Itália lava a roupa suja em público após eliminação
Presidente da federação reclama da escassez de jogadores selecionáv eis
ENVIADO ESPECIAL A CENTURION
A Itália promete recomeçar do zero e, assim, tentar
esquecer seu pior desastre no
futebol desde a derrota para
a Coreia do Norte que a tirou
da Copa do Mundo de 1966.
Um longo e difícil processo
de autoanálise teve início ontem mesmo, em uma entrevista de uma hora e meia do
presidente da federação de
futebol, Giancarlo Abete.
Ao contrário da França,
que se escondeu após o fiasco, a Itália decidiu expiar
suas culpas em público.
Estádios, sistema de liberação de jogadores pelos clubes, investimento nas categorias de base, tudo precisa
mudar. "O alarme já havia
soado para nós sobre nosso
nível de competitividade. Sofremos muito nas eliminatórias", declarou Abete.
O problema maior é a renovação de sua equipe, admitiu
o presidente. "Há uma dificuldade objetiva de mudança geracional", afirmou.
O primeiro passo na tentativa de chacoalhar o futebol
italiano já está dado, com a
substituição do técnico Marcello Lippi por Cesare Prandelli, da Fiorentina, que na
verdade estava planejada
desde antes do Mundial.
Agora, as circunstâncias
da troca são bem mais dramáticas. "Ele [Prandelli] assume numa situação difícil,
inclusive do ponto de vista
emocional", declarou Abete.
Mas só mudar de comandante é pouco, ele reconhece. Não há atletas selecionáveis em número suficiente.
Abete teve até que defender sua própria sobrevivência no cargo. Ao responder a
uma pergunta sobre seu futuro, ele afirmou que não vê
motivo para sair por ter escolhido Lippi. "Ele era o técnico
campeão mundial", lembrou. Depois, falou que tem
"a consciência no lugar".
Revelando um certo receio
quanto à recepção para os jogadores hoje, na volta à Itália, afirmou que espera "serenidade" nas críticas e nenhum insulto pessoal.
O capitão Fabio Cannavaro, 36, que sucedeu Abete em
outra longa entrevista, foi
ainda mais enfático.
"Alguém precisa chamar a
responsabilidade, fazer algo.
Nesse momento, a Itália não
está fornecendo bom material humano. É preciso reconstruir. Temos jogadores
bons, mas não de primeira
classe", declarou ele.
Para o zagueiro, os jogadores já sabiam que vencer a
Copa seria "muito, muito difícil". "Mas queríamos ter
chegado um pouco mais longe. Ninguém esperava um
rendimento tão ruim."
Segundo ele, a Itália jogou
um primeiro tempo "péssimo" diante da Eslováquia.
"Entramos com medo de não
vencer, e eles entraram livres
para vencer", filosofou Cannavaro.
(FÁBIO ZANINI)
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