São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Maradona ensaia a sua democracia

Treinador da Argentina ouve seus auxiliares antes de tomar decisões, mas se gaba de ter as melhores ideias

DO ENVIADO A PRETÓRIA

Defensor da ditadura cubana, Diego Maradona implantou uma "democracia" à frente da Argentina. Tem ouvido várias vozes antes de tomar decisões sobre o time.
É escutando conselhos que decidirá a escalação contra o México, nas oitavas de final, amanhã. Há chance de duas mudanças em relação à escalação titular da estreia.
Ontem, o time começou o treino com a equipe que enfrentou a Nigéria, considerada titular. Mas, depois, entraram Otamendi na lateral direita e Maxi Rodríguez no meio-campo, com as saídas de Jonás Gutiérrez e Verón, respectivamente.
As escalações e substituições de Maradona são discutidas com seus auxiliares Mancuso e Negro Enrique. Foi assim quando Palermo entrou em campo diante da Grécia. E marcou um gol.
"Estávamos conversando nós, os três técnicos. Mancuso e Henrique queriam Higuaín. Eu ouvi e, depois, disse: "Me tragam Martín [Palermo]'", contou o treinador.
Outro interlocutor do treinador é o volante Verón. Com 35 anos, ele foi decisivo para a ausência de Cambiasso, seu desafeto, na Copa.
Mas pode ser substituído por Maxi Rodríguez porque o treinador também leva em conta fatores extracampo, como superstições. Maxi fez o gol contra o México que classificou a Argentina nas oitavas da Copa de 2006.
"Aquele gol foi lindo. Mas a história é diferente neste jogo porque os times são diferentes", afirmou Maxi.
Maradona é tão aberto a opiniões que admitiu ouvir conselhos até de quem nem faz parte da delegação argentina no Mundial sul-africano.
Em entrevista ao jornal "La Nación", disse ter estabelecido boa relação com o técnico José Mourinho.
"Me parece uma pessoa para levar a uma mesa de luz e perguntar quando for necessário: "O que fazer com isso, o que fazer com aquilo?". Tenho o telefone e posso ligar", afirmou, sobre um possível conselho do português para jogos do Mundial.
A abertura de Maradona para ouvir conselhos tem relação com seu aprendizado como treinador. Afinal, assumiu a Argentina sem nenhuma experiência no cargo.
Apesar da "democracia" vivida entre os argentinos, o técnico não abre mão de ser a estrela. Ao explicar como escolhiam jogadas ensaiadas, declarou que assistia a vídeos dos adversários com seus auxiliares. E que todos dão ideias. Mas que aquelas que têm maior destaque costumam sair da sua cabeça. (RODRIGO MATTOS)


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