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FUTEBOL
Segundo relatório psicológico dos atletas, meia era o mais adequado ao posto de capitão, e Cafu é introvertido
Liderança "afastou" Leonardo da seleção
ALEXANDRE GIMENEZ
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviados especiais a Foz do Iguaçu
Se o capitão da seleção brasileira
fosse escolhido pelo perfil psicológico de cada atleta, o eleito teria sido Leonardo, e não Cafu.
Afinal, o meia do Milan era, de
acordo com estudo elaborado pela
comissão técnica do Brasil, entre
os 22 atletas inicialmente convocados por Wanderley Luxemburgo
para a Copa América, o que mais
tinha espírito de liderança.
De acordo com o levantamento
elaborado pela comissão técnica
entre os 22 atletas inicialmente
convocados para a Copa América,
o atleta do Milan (Itália) era o que
mais tinha características de líder.
A Folha apurou que o relatório
psicológico dos convocados define
Leonardo como ""líder positivo,
que sabe trabalhar para o grupo,
embora tenha personalidade forte
e contestadora".
Essas características diferem dos
demais atletas inicialmente chamados por Luxemburgo.
Enquanto os outros -o atacante
Edílson, cortado no domingo, era
exceção- formavam um grupo
que a própria comissão técnica definia como ""passivo", Leonardo
era considerado ""criativo e com
idéias próprias".
O lateral-direito Cafu, da Roma
(Itália), o novo capitão da equipe,
por sua vez, é definido como ""introvertido, disciplinado e obediente". No perfil do jogador, em nenhum momento há menção sobre
sua capacidade de liderança.
Mas um dos membros da comissão técnica, que pediu para não ser
identificado, explicou que, embora
Leonardo tivesse o perfil, de acordo com o trabalho de observação e
testes psicológicos feitos com os
atletas, mais adequado à função de
capitão, ele poderia causar problemas se assumisse o posto.
E cita como exemplo a participação do jogador na decisão da Copa
da França, quando o Brasil perdeu
o título para os anfitriões.
Na ocasião, o jogador teria feito
""uma boa ação e uma má". A
""má", no entanto, teria tido um
peso muito negativo, tornando-se
uma das razões da derrota da seleção no Mundial-98.
No vestiário, momentos antes do
jogo, ele discutiu com Dunga, então capitão da equipe, dividindo o
grupo. Enquanto Leonardo achava
que o atacante Ronaldo, apesar de
horas antes do jogo ter sofrido
uma crise nervosa, deveria jogar, o
volante foi contra.
Devido à séria discussão entre os
dois -cada um liderando um grupo-, a equipe não teve tempo para entrar em campo antes da final
para fazer o aquecimento.
Também devido à briga iniciada
no vestiário, a equipe entrou desunida para a decisão e, depois de sofrer o primeiro gol, não teve forças
para reagir, já que os jogadores
mal se falavam em campo.
A ""boa ação", de acordo com
avaliação da atual comissão técnica do Brasil, deu-se após o jogo,
quando Leonardo tentou negar a
crise nervosa ocorrida com Ronaldo, para preservar seu companheiro de time e os demais integrantes.
Ainda no Mundial da França,
Leonardo também teve problemas
com Edmundo, quase chegando a
trocar agressões físicas com o atacante no vestiário, durante amistoso disputado em Bilbao, na Espanha, dias antes da estréia do Brasil,
contra a Escócia.
Na primeira fase da competição,
contra o Marrocos, o meia também demonstrou personalidade,
ainda de acordo com a atual comissão técnica brasileira, ao tentar
evitar que Dunga empurrasse o
atacante Bebeto.
Mas seu ato acabou causando
problemas dentro do grupo. O volante, irritado, decidiu parar de
gritar com os demais, e o Brasil foi
derrotado, na partida seguinte, pela Noruega.
Perfil psicológico
O trabalho que traçou o perfil
dos principais atletas do Brasil começou antes mesmo de Wanderley Luxemburgo assumir a seleção.
Na Copa-98, o treinador afastou-se temporariamente do Corinthians para acompanhar o Brasil e
as demais seleções na França.
A psicóloga Suzy Fleury, que já
atuara com Luxemburgo no Palmeiras e no Santos, também esteve
na França, para observar o comportamento dos principais atletas
-não só os do Brasil, mas os das
""seleções de primeiro escalão".
Terminado o Mundial, ela tabulou os dados e entregou o estudo
preliminar a Luxemburgo, que, em
agosto, assumiria a seleção.
Desde que o técnico passou a dirigir o time, os jogadores convocados respondem a um questionário
elaborado pela psicóloga.
As informações, aliadas às observações da profissional, definem
um perfil de cada atleta que contém suas características básicas de
personalidade.
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