São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2000


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FUTEBOL
Seleção enfrenta a Argentina e a tradicional hostilidade do Morumbi com apenas um jogador de clube paulista
Sem trunfo, Brasil tenta sossegar torcida

DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma legião estrangeira em campo, a seleção brasileira perdeu o trunfo de ""calar" as vaias da torcida paulista com um time caseiro contra a Argentina hoje.
Ao contrário da última partida da equipe nacional em São Paulo, quando o técnico Wanderley Luxemburgo fez uma ""média" com a torcida, a seleção terá, desta vez, apenas um jogador que atua em um time paulista: Vampeta, do Corinthians, que teve atrito recente com a torcida do clube.
Em abril, o treinador armou o time com quatro ""paulistas" na vitória diante do Equador, por 3 a 2. Na ocasião, ele escalou a equipe com três jogadores que atuavam no Corinthians -o goleiro Dida, que se transferiu para o Milan, o atacante Edílson, que está no Vasco, além de Vampeta. César Sampaio, que era o grande ídolo do Palmeiras, completou a série de paulistas na seleção naquele jogo.
Depois daquela partida, Edílson, que era um dos ídolos da torcida corintiana, nunca mais foi lembrado pelo treinador.
Com a ""média" feita por Luxemburgo na ocasião, a torcida paulista foi complacente com o treinador durante boa parte do jogo. Apesar da fraca atuação do time, a seleção foi vaiada com intensidade só nos minutos finais.
""Tenho certeza de que a torcida ficará do nosso lado em São Paulo. Em Porto Alegre, estávamos em uma situação também adversa, e a torcida nos apoiou contra a Argentina", afirmou Luxemburgo, que aposta na rivalidade para conseguir o apoio dos paulistas.
Depois de perder para a Argentina por 2 a 0 em Buenos Aires, jogando mal, a equipe fez sua melhor apresentação na era Luxemburgo na capital gaúcha, batendo os rivais por 4 a 2.
""Quem tem medo da torcida não pode jogar futebol. Não é pelo fato de o jogador estar fora da cidade que os torcedores vão esquecer quem defendeu com tanto empenho a camisa do time dele", disse o volante Vampeta.
Ontem, a torcida paulista já deu uma prova de falta de paciência com o trabalho de Luxemburgo na seleção brasileira.
Logo após o treinador entrar no gramado do Morumbi, eles hostilizaram o técnico. Luxemburgo foi chamado de burro por parte dos torcedores que estavam nas numeradas do estádio.
Apesar do tratamento hostil com o treinador, os cerca de 3.000 torcedores que estiverem no Morumbi, ontem, apoiaram os jogadores da seleção. Na chegada do ônibus da delegação ao estádio, eles incentivaram o time na entrada do estacionamento.
""Agora, temos que dar apoio aos jogadores. Durante o jogo, a história será diferente. Se eles errarem, vamos vaiá-los com certeza", disse Carlos Marcondes, um dos torcedores no estádio.
Durante o treino, vários jogadores tiveram os seus nomes gritados. No hotel em que a seleção está concentrada, dezenas de torcedores aguardavam os jogadores no porta do local.
Foi o maior público em um treino da seleção brasileira em São Paulo pelas eliminatórias. Antes do jogo contra o Equador, o torcida havia sido morna com a seleção nos treinos.
Para conseguir o apoio dos torcedores, os jogadores seguiram a cartilha populista implantada pelo treinador após o vexame contra o Paraguai, por 2 a 1, na semana passada, em Assunção.
Luxemburgo e os principais jogadores da equipe distribuíram vários autógrafos para os torcedores antes de entrar no ônibus, que os levariam ao Morumbi.
No final do treino, os jogadores jogaram bolas para os torcedores nas numeradas.
A entrada dos torcedores ontem também estava liberada.
""Vou torcer para a seleção. Mesmo assim, só estou aqui porque é de graça. De graça, tomo até injeção na testa", disse a torcedora Rosana Pinheiro.
Com a popularidade em queda, Luxemburgo decidiu se aproximar dos torcedores na semana passada. Desde o início do ano, o relacionamento do treinador com a torcida é conflituoso.
No mês passado, ele proibiu a entrada dos torcedores em um treino da seleção antes do jogo contra o Uruguai.
Neste mês, o treinador ameaçar repetir o gesto. Antes do jogo contra os paraguaios, ele disse que pretendia fechar o portão do estádio do ABC, em Foz do Iguaçu, onde o time treinava na cidade, caso o time fosse vaiado.
Dias depois, um torcedor foi preso no estádio pela Polícia Militar do Paraná por ter pedido a saída do treinador do cargo.
Em São Paulo, a seleção brasileira ""driblou" torcedores no aeroporto de Cumbica e demorou abrir os portões aos fãs no CT do São Paulo.


Colaborou Sérgio Rangel, em São Paulo


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