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FUTEBOL
Seleção enfrenta a Argentina e a tradicional hostilidade do Morumbi com apenas um jogador de clube paulista
Sem trunfo, Brasil tenta sossegar torcida
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma legião estrangeira em
campo, a seleção brasileira perdeu o trunfo de ""calar" as vaias da
torcida paulista com um time caseiro contra a Argentina hoje.
Ao contrário da última partida
da equipe nacional em São Paulo,
quando o técnico Wanderley Luxemburgo fez uma ""média" com
a torcida, a seleção terá, desta vez,
apenas um jogador que atua em
um time paulista: Vampeta, do
Corinthians, que teve atrito recente com a torcida do clube.
Em abril, o treinador armou o
time com quatro ""paulistas" na
vitória diante do Equador, por 3 a
2. Na ocasião, ele escalou a equipe
com três jogadores que atuavam
no Corinthians -o goleiro Dida,
que se transferiu para o Milan, o
atacante Edílson, que está no Vasco, além de Vampeta. César Sampaio, que era o grande ídolo do
Palmeiras, completou a série de
paulistas na seleção naquele jogo.
Depois daquela partida, Edílson, que era um dos ídolos da torcida corintiana, nunca mais foi
lembrado pelo treinador.
Com a ""média" feita por Luxemburgo na ocasião, a torcida
paulista foi complacente com o
treinador durante boa parte do jogo. Apesar da fraca atuação do time, a seleção foi vaiada com intensidade só nos minutos finais.
""Tenho certeza de que a torcida
ficará do nosso lado em São Paulo. Em Porto Alegre, estávamos
em uma situação também adversa, e a torcida nos apoiou contra a
Argentina", afirmou Luxemburgo, que aposta na rivalidade para
conseguir o apoio dos paulistas.
Depois de perder para a Argentina por 2 a 0 em Buenos Aires, jogando mal, a equipe fez sua melhor apresentação na era Luxemburgo na capital gaúcha, batendo
os rivais por 4 a 2.
""Quem tem medo da torcida
não pode jogar futebol. Não é pelo
fato de o jogador estar fora da cidade que os torcedores vão esquecer quem defendeu com tanto
empenho a camisa do time dele",
disse o volante Vampeta.
Ontem, a torcida paulista já deu
uma prova de falta de paciência
com o trabalho de Luxemburgo
na seleção brasileira.
Logo após o treinador entrar no
gramado do Morumbi, eles hostilizaram o técnico. Luxemburgo
foi chamado de burro por parte
dos torcedores que estavam nas
numeradas do estádio.
Apesar do tratamento hostil
com o treinador, os cerca de 3.000
torcedores que estiverem no Morumbi, ontem, apoiaram os jogadores da seleção. Na chegada do
ônibus da delegação ao estádio,
eles incentivaram o time na entrada do estacionamento.
""Agora, temos que dar apoio
aos jogadores. Durante o jogo, a
história será diferente. Se eles errarem, vamos vaiá-los com certeza", disse Carlos Marcondes, um
dos torcedores no estádio.
Durante o treino, vários jogadores tiveram os seus nomes gritados. No hotel em que a seleção está concentrada, dezenas de torcedores aguardavam os jogadores
no porta do local.
Foi o maior público em um treino da seleção brasileira em São
Paulo pelas eliminatórias. Antes
do jogo contra o Equador, o torcida havia sido morna com a seleção nos treinos.
Para conseguir o apoio dos torcedores, os jogadores seguiram a
cartilha populista implantada pelo treinador após o vexame contra
o Paraguai, por 2 a 1, na semana
passada, em Assunção.
Luxemburgo e os principais jogadores da equipe distribuíram
vários autógrafos para os torcedores antes de entrar no ônibus,
que os levariam ao Morumbi.
No final do treino, os jogadores
jogaram bolas para os torcedores
nas numeradas.
A entrada dos torcedores ontem
também estava liberada.
""Vou torcer para a seleção. Mesmo assim, só estou aqui porque é
de graça. De graça, tomo até injeção na testa", disse a torcedora
Rosana Pinheiro.
Com a popularidade em queda,
Luxemburgo decidiu se aproximar dos torcedores na semana
passada. Desde o início do ano, o
relacionamento do treinador com
a torcida é conflituoso.
No mês passado, ele proibiu a
entrada dos torcedores em um
treino da seleção antes do jogo
contra o Uruguai.
Neste mês, o treinador ameaçar
repetir o gesto. Antes do jogo contra os paraguaios, ele disse que
pretendia fechar o portão do estádio do ABC, em Foz do Iguaçu,
onde o time treinava na cidade,
caso o time fosse vaiado.
Dias depois, um torcedor foi
preso no estádio pela Polícia Militar do Paraná por ter pedido a saída do treinador do cargo.
Em São Paulo, a seleção brasileira ""driblou" torcedores no aeroporto de Cumbica e demorou
abrir os portões aos fãs no CT do
São Paulo.
Colaborou Sérgio Rangel, em São Paulo
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