São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2000


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ATLETISMO
Cientistas revelam que substância que afastou brasileiro pode ser produzida naturalmente pelo organismo
Estudo escocês vira arma de Parrela na defesa de doping

FÁBIO ZAMBELI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Aberdeen, na Escócia, é a nova arma na defesa do velocista brasileiro Sanderlei Parrela, que volta a sonhar com a Olimpíada após ser acusado de doping.
O estudo atesta que a nandrolona -substância proibida que provocou o afastamento de Parrela desde o último dia 29- pode ser produzida de forma natural pelo corpo humano, em decorrência do uso de suplementos alimentares.
No caso do atleta brasileiro, o exame antidoping flagrou a norandrosterona (resultado do metabolismo da nandrolona) no seu organismo durante GP Brasil, em 14 de maio, no Rio de Janeiro.
O esteróide anabólico melhora a capacidade aeróbia e acelera a recuperação do desgaste físico.
Parrela, 25, ocupava o segundo lugar no ranking dos 400 m rasos da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo), prova em que era favorito ao pódio olímpico.
A pesquisa sustentou a absolvição do inglês Mark Richardson -também especialista nos 400 m rasos- pela comissão disciplinar da federação britânica, ontem.
Ele era acusado de usar nandrolona e foi suspenso em outubro do ano passado.
Segundo o presidente da federação, David Moocroft, o perdão a Richardson ocorreu em razão do relatório dos cientistas.
O grupo estudou casos de atletas que apresentaram nandrolona e, poucas semanas depois, tiveram resultados negativos nos testes. "Se o atleta injetar nandrolona, seu exame dará positivo por várias semanas ou meses", disse Ron Maughan, pesquisador de Aberdeen. Segundo ele, foram analisados 70 tipos de suplementos alimentares e não foi encontrada nandrolona neles.
"Isso nos faz acreditar que existe uma possibilidade real de que atletas podem ter resultados positivos no exame sem que tenham ingerido a substância", afirmou.
O caso do atleta inglês será encaminhado ao conselho da Iaaf na próxima semana para avaliação.
Outros três atletas britânicos foram suspensos por uso da substância, entre eles o campeão olímpico dos 100 m, Lindford Christie.
O porta-voz da Iaaf, Giorgio Reineri, disse que o estudo será levado em conta pelo organismo nos futuros julgamentos.
A estratégia da defesa de Parrela baseia-se justamente na ingestão de suplementos alimentares.
"A pesquisa, por ter sido feito de modo científico, vai ajudar muito na defesa", declarou Parrela à Folha, ontem.
O velocista continua treinando na Universidade de Clemson, no Estado norte-americano da Carolina do Sul, enquanto aguarda o julgamento da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).
O toxicologista norte-americano David Black foi encarregado de cuidar de sua defesa. Ele encaminhou para análises amostras de um complexo de vitaminas usado por Parrela. "É mais um ponto a meu favor", afirmou o atleta, referindo-se à pesquisa escocesa.


Com agências internacionais


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