|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATLETISMO
Cientistas revelam que substância que afastou brasileiro pode ser produzida naturalmente pelo organismo
Estudo escocês vira arma de Parrela na defesa de doping
FÁBIO ZAMBELI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa desenvolvida por
cientistas da Universidade de
Aberdeen, na Escócia, é a nova arma na defesa do velocista brasileiro Sanderlei Parrela, que volta a
sonhar com a Olimpíada após ser
acusado de doping.
O estudo atesta que a nandrolona -substância proibida que
provocou o afastamento de Parrela desde o último dia 29- pode
ser produzida de forma natural
pelo corpo humano, em decorrência do uso de suplementos alimentares.
No caso do atleta brasileiro, o
exame antidoping flagrou a norandrosterona (resultado do metabolismo da nandrolona) no seu
organismo durante GP Brasil, em
14 de maio, no Rio de Janeiro.
O esteróide anabólico melhora a
capacidade aeróbia e acelera a recuperação do desgaste físico.
Parrela, 25, ocupava o segundo
lugar no ranking dos 400 m rasos
da Iaaf (Federação Internacional
de Atletismo), prova em que era
favorito ao pódio olímpico.
A pesquisa sustentou a absolvição do inglês Mark Richardson
-também especialista nos 400 m
rasos- pela comissão disciplinar
da federação britânica, ontem.
Ele era acusado de usar nandrolona e foi suspenso em outubro
do ano passado.
Segundo o presidente da federação, David Moocroft, o perdão a
Richardson ocorreu em razão do
relatório dos cientistas.
O grupo estudou casos de atletas que apresentaram nandrolona
e, poucas semanas depois, tiveram resultados negativos nos testes. "Se o atleta injetar nandrolona, seu exame dará positivo por
várias semanas ou meses", disse
Ron Maughan, pesquisador de
Aberdeen. Segundo ele, foram
analisados 70 tipos de suplementos alimentares e não foi encontrada nandrolona neles.
"Isso nos faz acreditar que existe uma possibilidade real de que
atletas podem ter resultados positivos no exame sem que tenham
ingerido a substância", afirmou.
O caso do atleta inglês será encaminhado ao conselho da Iaaf na
próxima semana para avaliação.
Outros três atletas britânicos foram suspensos por uso da substância, entre eles o campeão olímpico dos 100 m, Lindford Christie.
O porta-voz da Iaaf, Giorgio
Reineri, disse que o estudo será levado em conta pelo organismo
nos futuros julgamentos.
A estratégia da defesa de Parrela
baseia-se justamente na ingestão
de suplementos alimentares.
"A pesquisa, por ter sido feito de
modo científico, vai ajudar muito
na defesa", declarou Parrela à Folha, ontem.
O velocista continua treinando
na Universidade de Clemson, no
Estado norte-americano da Carolina do Sul, enquanto aguarda o
julgamento da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).
O toxicologista norte-americano David Black foi encarregado
de cuidar de sua defesa. Ele encaminhou para análises amostras de
um complexo de vitaminas usado
por Parrela. "É mais um ponto a
meu favor", afirmou o atleta, referindo-se à pesquisa escocesa.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Roque Júnior admite falhas na defesa Próximo Texto: Frases Índice
|