FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A HOCKENHEIM

Às vésperas do GP da Alemanha, 12ª etapa do Mundial de F-1, a Jordan demitiu ontem o alemão Heinz-Harald Frentzen. Na sua vaga, correrá o piloto de testes da equipe, o brasileiro Ricardo Zonta, que ficou sabendo da convocação por meio de um office-boy.
"Eu só soube hoje [ontem] de manhã. Um cara da equipe me ligou perguntando se eu tinha credencial para ir de carro ao autódromo. Achei estranho, já que eles nunca tinham se preocupado com isso, e perguntei o porquê. Daí ele falou que eu iria correr", disse Zonta, à Folha, por telefone.
O piloto estava em Mônaco, onde mora, quando recebeu a notícia. Apenas hoje à tarde ele viajará para Hockenheim. Amanhã, começam os treinos livres.
A demissão de Frentzen causou estranheza no paddock. À exceção das equipes nanicas, dificilmente um piloto é demitido em plena metade de temporada.
O caso tem dois agravantes.
Primeiro: duas das três vitórias da Jordan na F-1 foram conquistadas pelo alemão, em 1999, quando ele ficou em terceiro no Mundial. Segundo: há um mês, o time havia anunciado a renovação do seu contrato até o fim de 2002.
Em um comunicado sucinto, com apenas sete linhas, o time alegou que Frentzen vem fazendo um mau campeonato. E deixou transparecer que o piloto se desentendeu com os dirigentes após o GP da Inglaterra, no dia 15.
"Este ano estava sendo decepcionante para ele e para nós", explicou Eddie Jordan, dono da equipe. "Trocamos algumas opiniões após a prova da Inglaterra, e essa decisão é o resultado disso."
Na mesma linha, Frentzen divulgou uma nota concisa em seu site na Internet. Nela, afirma que seus advogados já analisam medidas legais contra a equipe.
Hoje, ele é somente o 11º no Mundial, com 6 pontos. Jarno Trulli, seu companheiro de time, é o nono, com três pontos a mais.
Apesar da pouca diferença na classificação, o italiano vem fazendo uma campanha mais regular, enquanto Frentzen não marca um ponto desde o GP de San Marino, há mais de três meses.
"Eu sabia que alguma coisa estava acontecendo. Na semana passada, o Frentzen iria treinar dois dias em Monza, mas simplesmente não apareceu, não foi. Aí, a equipe pediu para que eu continuasse testando", declarou Zonta, piloto da BAR em 1999/2000, que ainda não está confirmado como titular para o resto da temporada.


Texto Anterior: Ação - Carlos Sarli: Acabou a guerra fria?
Próximo Texto: Tênis: "Boom" de torneios impulsiona brasileiros
Índice