São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010

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JUCA KFOURI

Mano da CBF


Com currículo melhor do que o de Dunga, Mano chega à seleção sem grande brilho na carreira

MANO MENEZES deixou o Corinthians ontem numa posição que só conheceu na Série B, em 2008, no topo da tabela. Diferentemente da campanha medíocre do ano passado na Série A, passa o time para Adilson Batista em boas condições para ser pentacampeão brasileiro.
Mérito de Mano. Como foi mérito dele a corajosa conquista da Copa do Brasil de 2009 ao decidir com o Inter, em Porto Alegre, depois de ter se acovardado na decisão anterior, com o Sport, no Recife.
Porque, de fato, não podem ser considerados méritos subir com o Grêmio e com o Corinthians para a primeira divisão, meras obrigações dadas as condições de seus concorrentes. E olhe que, repita-se, com o tricolor gaúcho foi graças a um absurdo, épico, mas absurdo nos Aflitos. Não subisse ali e provavelmente Mano teria sido demitido e vagaria pelo interior gaúcho, onde fez belos trabalhos.
Mano Menezes não é um especialista em renovação, como discursa da boca para fora o presidente da CBF, que entende de futebol o mesmo que sabe sobre plantação de ovo e sobre competência.
Basta olhar o atual time corintiano de Mano para constatar que os jovens são minoria esmagadora, ele que mandou vir Danilo, Tcheco, Iarley, Bobadilla. E que já tinha Alessandro, William, Chicão, Edu, Jorge Henrique, Souza...
Mano é um adepto do futebol de resultados e assim conduziu um time médio como o do Grêmio a um excepcional vice-campeonato da Libertadores, mas que os gremistas não comemoram.
E fracassou, por timidez, na campanha corintiana da Libertadores, ao jogar brilhantemente no primeiro tempo contra o Flamengo, no Pacaembu, e recuar desgraçadamente no segundo, mais ou menos como fez a seleção de Dunga contra a Holanda na Copa do Mundo, no Nelson Mandela Bay.
Registre-se que Muricy Ramalho também não seria adepto do velho futebol-arte na seleção, como Felipão também não foi na Copa vitoriosa de 2002.
Mas a este colunista parece claro que a CBF perdeu na troca de Muricy por Mano, assim como o Corinthians ganhou na mudança, porque Adilson Batista tem tudo para restabelecer os vínculos que um dia já teve com a Fiel. E porque não pairam sobre ele, como sobre Felipão e Muricy Ramalho, dúvidas no relacionamento com empresários de jogadores, coisa que virou praga em Parque São Jorge.
Claro que o currículo de Mano é incomparavelmente melhor do que o de Dunga, do mesmo modo que ser a terceira opção é uma desvantagem que deveria ter sido evitada.

blogdojuca@uol.com.br


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