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FUTEBOL
Jogadores preferem a convivência com imprensa, hóspedes e curiosos ao isolamento da era Zagallo
Concentração liberada delicia seleção
FÁBIO VICTOR
enviado especial a Guadalajara
O fanatismo da torcida mexicana não está impedindo que, em
Guadalajara, onde está disputando a Copa das Confederações, a
seleção brasileira dê sequência ao
processo de "liberalização" que
vem vivendo com o técnico Wanderley Luxemburgo.
Repetindo o que já acontecera
em Foz do Iguaçu (PR), onde o time se hospedou durante a Copa
América, no México a seleção está
em uma concentração aberta.
Diferentemente do que acontecia na gestão de Zagallo -quando, durante as competições, a delegação brasileira procurava se
isolar do público-, agora jogadores e comissão técnica dividem
o mesmo espaço com hóspedes,
curiosos e jornalistas.
Momentos após a goleada de 4 a
0 sobre a Alemanha, anteontem, a
maior na história de confrontos
entre os dois países, jogadores e
comissão técnica participaram de
um churrasco no hotel onde estão
hospedados em Guadalajara.
Por cerca de três horas, às vistas
dos hóspedes e de qualquer pessoa que entrasse no local, comeram, tomaram cerveja e dançaram pagode e axé music.
Enquanto isso, salvo os inevitáveis pedidos de autógrafos e poses
para fotografias, o hotel seguia o
seu curso normal, como se aquela
confraternização fosse apenas
mais uma entre tantas que está
acostumado a abrigar.
Um casal recém-casado -ela
com vestido de noiva, ele de fraque- chegou para a lua-de-mel.
Em cena inusitada, quando se
dirigiam ao quarto, os noivos passaram ao lado da festa brasileira
(os jogadores estavam vestidos
com bermudas e camiseta amarela), sem entender o que acontecia
ou a razão de Odvan, o que mais
dançava, se remexer tanto.
"Eu acho muito chato ter que
olhar para o Zé Roberto (ri para o
meia, que estava próximo) 32 vezes por dia", afirma Luxemburgo,
definindo o espírito da iniciativa.
De acordo com o técnico, a experiência é um "aprendizado dos
dois lados".
"Estamos ganhando muito com
essa troca com o público e com a
imprensa. É bom que eles (os jogadores) possam sentar para tomar um café com outras pessoas,
com vocês (jornalistas)."
Luxemburgo disse que resolveu
dar sequência ao plano pelo fato
de "a experiência da Copa América ter sido muito boa".
"Sempre que tivermos oportunidade, vamos fazer isso."
Se o treinador está aprovando a
prática, os jogadores se mostram
ainda mais animados.
O volante e capitão Émerson,
que viveu a experiência da concentração fechada com Zagallo,
afirma que o novo modelo tem influído positivamente no humor e
na união do grupo.
"Imagine que chato seria se eu
tivesse que passar o dia inteiro
olhando para a cara do Evanílson
(o lateral passava pelo local na
hora), do Marcos Paulo (seu companheiro de quarto)...", disse, repetindo Luxemburgo.
Pelas palavras do meia Alex, o
técnico Luxemburgo quer muito
ensinar os jogadores a agir bem
diante da imprensa.
"A gente bate com vocês (jornalistas) toda hora. O professor
Wanderley quer que a gente
aprenda a ter esse contato."
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