São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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FUTEBOL
Jogadores preferem a convivência com imprensa, hóspedes e curiosos ao isolamento da era Zagallo
Concentração liberada delicia seleção

FÁBIO VICTOR
enviado especial a Guadalajara

O fanatismo da torcida mexicana não está impedindo que, em Guadalajara, onde está disputando a Copa das Confederações, a seleção brasileira dê sequência ao processo de "liberalização" que vem vivendo com o técnico Wanderley Luxemburgo.
Repetindo o que já acontecera em Foz do Iguaçu (PR), onde o time se hospedou durante a Copa América, no México a seleção está em uma concentração aberta.
Diferentemente do que acontecia na gestão de Zagallo -quando, durante as competições, a delegação brasileira procurava se isolar do público-, agora jogadores e comissão técnica dividem o mesmo espaço com hóspedes, curiosos e jornalistas.
Momentos após a goleada de 4 a 0 sobre a Alemanha, anteontem, a maior na história de confrontos entre os dois países, jogadores e comissão técnica participaram de um churrasco no hotel onde estão hospedados em Guadalajara.
Por cerca de três horas, às vistas dos hóspedes e de qualquer pessoa que entrasse no local, comeram, tomaram cerveja e dançaram pagode e axé music.
Enquanto isso, salvo os inevitáveis pedidos de autógrafos e poses para fotografias, o hotel seguia o seu curso normal, como se aquela confraternização fosse apenas mais uma entre tantas que está acostumado a abrigar.
Um casal recém-casado -ela com vestido de noiva, ele de fraque- chegou para a lua-de-mel.
Em cena inusitada, quando se dirigiam ao quarto, os noivos passaram ao lado da festa brasileira (os jogadores estavam vestidos com bermudas e camiseta amarela), sem entender o que acontecia ou a razão de Odvan, o que mais dançava, se remexer tanto.
"Eu acho muito chato ter que olhar para o Zé Roberto (ri para o meia, que estava próximo) 32 vezes por dia", afirma Luxemburgo, definindo o espírito da iniciativa.
De acordo com o técnico, a experiência é um "aprendizado dos dois lados".
"Estamos ganhando muito com essa troca com o público e com a imprensa. É bom que eles (os jogadores) possam sentar para tomar um café com outras pessoas, com vocês (jornalistas)."
Luxemburgo disse que resolveu dar sequência ao plano pelo fato de "a experiência da Copa América ter sido muito boa".
"Sempre que tivermos oportunidade, vamos fazer isso."
Se o treinador está aprovando a prática, os jogadores se mostram ainda mais animados.
O volante e capitão Émerson, que viveu a experiência da concentração fechada com Zagallo, afirma que o novo modelo tem influído positivamente no humor e na união do grupo.
"Imagine que chato seria se eu tivesse que passar o dia inteiro olhando para a cara do Evanílson (o lateral passava pelo local na hora), do Marcos Paulo (seu companheiro de quarto)...", disse, repetindo Luxemburgo.
Pelas palavras do meia Alex, o técnico Luxemburgo quer muito ensinar os jogadores a agir bem diante da imprensa.
"A gente bate com vocês (jornalistas) toda hora. O professor Wanderley quer que a gente aprenda a ter esse contato."


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