São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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F-1
Com a vitória na Áustria, sua segunda no ano, o irlandês da Ferrari está a dois pontos do líder Hakkinen
McLaren erra e dá vitória a Irvine

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Zeltweg

A McLaren errou. Deu chance a uma vitória do ferrarista Eddie Irvine. E o Mundial de Pilotos de F-1 voltou a ficar equilibrado.
Largando em terceiro, o irlandês da Ferrari venceu ontem o GP da Áustria, em Zeltweg, e reduziu de oito para dois pontos a vantagem do finlandês Mika Hakkinen na liderança do campeonato.
O que parecia uma "zebra" até ontem assume agora ares de certeza: Irvine pode ser o campeão de 1999, encerrando o jejum ferrarista de 20 anos sem título.
E mais: se Michael Schumacher voltar à F-1 ainda neste ano, pode ter que trabalhar para que seu ex-escudeiro seja o campeão.
A virada no campeonato começou na primeira volta da corrida.
Com a McLaren dominando a primeira fila do grid -Hakkinen na pole e David Coulthard ao seu lado-, a única saída de Irvine era atacar desde o início.
Não precisou. Já na curva Remus, a segunda do circuito austríaco, Coulthard forçou uma ultrapassagem. Acabou tocando o carro de Hakkinen, jogando o companheiro de equipe para o 22º e último lugar da prova.
Na rodada do finlandês, o brasileiro Rubens Barrichello, que largara em quinto e já ocupava o quarto posto, ultrapassou Irvine e assumiu a segunda posição.
Coulthard, Barrichello e Irvine mantiveram suas posições até o início da rodada única de pit stops -das 11 equipes, apenas a Sauber optou por duas paradas-, na 38ª das 71 voltas.
Aí, o irlandês tirou proveito de sua nova condição de primeiro piloto ferrarista. Usando uma tática normalmente reservada a Schumacher, esperou que os adversários parassem.
Com os pits de Barrichello, na 38ª volta, e de Coulthard, no giro seguinte, Irvine tornou-se o novo líder da prova.
Aproveitou para apertar o ritmo por quatro voltas e abrir vantagem na pista, suficiente para ir aos pits e voltar na liderança.
Nos boxes, a Ferrari foi mais rápida -o irlandês perdeu 26s545, contra 28s174 de Coulthard.
Irvine manteve-se na ponta até o fim da prova, vencendo seu segundo GP no ano. E na carreira.
Com o melhor carro do final de semana, Hakkinen deu uma demonstração de perícia.
Um a um, superou todos que estavam à sua frente, à exceção de Irvine e Coulthard. Terminou a prova em terceiro lugar.
Barrichello, com o motor estourado, abandonou a prova quando era o quarto colocado.
Após a corrida, Irvine foi recebido como herói pelos mecânicos da Ferrari. Foi carregado pelo paddock de Zeltweg, enquanto erguia o troféu pela vitória.
A empolgação do time contrastava com o ambiente tenso vivido nos últimos dias, quando a vitória da McLaren parecia iminente.
"Estou surpreso por ter vencido Mika e David ", admitiu Irvine. "Mas sabia que, com a estratégia certa, faríamos o serviço."
Durante a premiação e as entrevistas coletivas, Hakkinen e Coulthard evitaram trocar olhares. O finlandês disse apenas que "tudo o que aconteceu na segunda curva já não importa".
"Eu aceito os pedidos de desculpas do David. Vamos discutir isso dentro da equipe", afirmou.
Coulthard, que mudou os rumos do Mundial ao forçar a ultrapassagem no companheiro, disse que o GP foi um "pesadelo".
"Passei o tempo todo pensando na batida. Peço desculpas pelo que fiz ao Mika e à equipe."
Segundo piloto ferrarista até o acidente que quebrou a perna direita de Schumacher, há 15 dias, Irvine assumiu ontem o posto de ameaça ao domínio da McLaren.
Mas, para chegar ao título, ainda terá que contar com novos erros da equipe inglesa nas sete provas que restam e com um melhor desempenho de seu novo companheiro de equipe, Mika Salo.
Com o carro nº 3 do alemão, ele foi o nono colocado ontem.


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