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FUTEBOL
Para quitar dívidas de IR, rendas do clube são penhoradas pela Justiça
Público recorde vai pagar as dívidas do Palmeiras
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Torcida que canta, vibra e agora
vai pagar as dívidas do Palmeiras.
A Justiça decidiu penhorar as
rendas líquidas das partidas no
Parque Antarctica, cuja média de
lotação ultrapassa os 18 mil pagantes no Brasileiro da Série B,
para compensar o não-recolhimento de Imposto de Renda no
período de abril de 1994 a setembro de 1995, quando Mustafá
Contursi já estava na presidência.
A decisão passou a valer no último sábado, quando o diretor financeiro do clube, Durval Colossi, recebeu mandado de um oficial
de Justiça antes da partida contra
o União São João.
Pela decisão do juiz da 7ª Vara
de Execuções Fiscais da Seção Judiciária de São Paulo, todas as
rendas líquidas das partidas que
tiverem como mandante o Palmeiras deverão ser depositadas
judicialmente até que os recursos
do clube, derrotado em primeira
instância, sejam julgados.
As rendas do Palmeiras, segundo a sentença, serão confiscadas
até perfazerem o montante total
da dívida do clube: R$ 5 milhões,
que estão sendo reclamados na
Justiça pelos procuradores responsáveis pelo Grupo de Grandes
Devedores da Procuradoria Geral
da Fazenda Nacional.
Hoje, aniversário de 89 anos do
clube, vence o prazo para que os
dirigentes entreguem R$
118.701,08, renda líquida do jogo
do último sábado -valor publicado no borderô divulgado no site oficial do Palmeiras. Caso o time se negue a fazê-lo, o depositário Durval Colossi, que adquiriu
essa condição quando recebeu
mandado do oficial de Justiça no
último dia 23, pode ser considerado "infiel" -infração que pode
lhe causar até uma detenção.
Um dos autores da ação, o procurador Gustavo Caldas Guimarães de Campos, que serve à seção
paulista da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), informou que cabe recurso à decisão da Justiça, mas que isso não
interfere na execução da sentença
de primeira instância.
"O Palmeiras pode continuar
apelando. A execução, decidida
pela Justiça, corre paralelamente.
O processo contra o Palmeiras foi
instaurado em 2000, e a execução
é de 2003", disse Campos.
Antes de ir parar nos tribunais,
o Palmeiras respondeu a um processo administrativo da Receita
Federal, que tentou receber do
clube os recolhimentos de Imposto de Renda atrasados.
Já na Justiça, apesar de ter apresentado a sua defesa contra a cobrança de R$ 5 milhões, de ter alegado ser deficitário e não possuir
renda suficiente para quitar tal
débito, o Palmeiras foi condenado, no último dia 15, a usar o dinheiro que arrecada como mandante para satisfazer a cobrança.
O departamento jurídico do
Palmeiras tomou conhecimento
da decisão no dia 20 de agosto.
Até o fechamento desta edição,
não havia protocolado nenhum
agravo à decisão para adiar a penhora das suas rendas.
Mas esse não é o único processo
movido pela PGFN em que o Palmeiras figura como réu.
A seção paulista da entidade já
entrou com outra ação para reaver o dinheiro que não teria sido
devidamente recolhido pelo clube
paulista no pagamento de seus jogadores profissionais.
"A título de pagamento de luvas, pagamento de aluguéis em
nome dos jogadores e outras coisas, a diretoria do Palmeiras não
recolheu corretamente todos os
impostos. Eles [dirigentes do Palmeiras] devem ser notificados
hoje dessa nova ação", afirmou
Campos, que ainda não definiu o
que a PGFN vai pedir para assegurar o pagamento por parte do
Palmeiras na execução.
"A dívida, nesse caso, também é
de cerca de R$ 5 milhões", disse o
procurador da seção paulista da
PGFN, que também faz parte do
grupo de procuradores que vai
acompanhar esse caso.
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