DO ENVIADO A ATENAS

O favoritismo recai agora sobre ombros mais experientes.
Depois de Bimba chegar ao dia decisivo de disputas da classe mistral em vantagem, é a vez da dupla Torben Grael e Marcelo Ferreira, da star, ostentar um posto privilegiado na Olimpíada.
Eles lideram o torneio e podem alcançar o ouro hoje, por antecipação. Mas engatam um discurso veemente contra qualquer previsão de sossego. "Tranqüilidade? Nem pense em algo assim. Estarei tranqüilo quando chegar na minha casa, em Niterói. Antes disso, tudo é possível", diz Torben.
Mesmo assim, ele sabe que o desempenho até aqui foi impecável. Ontem, ficaram em segundo e sétimo lugares nas duas regatas e aumentaram a vantagem sobre os rivais diretos para 19,2 pontos.
Torben e Ferreira têm 20 pontos perdidos, contra 39,2 dos canadenses Ross MacDonald e Mike Wolfs. O título pode ser matematicamente assegurado na 9ª e 10ª provas, de um total de 11 -a derradeira regata será no sábado.
Os brasileiros precisam de dois sétimos lugares para ficarem com o ouro hoje, sem dependerem de outros resultados. "Mas nem vamos pensar nisso. As condições são complicadas e os rivais são fortíssimos. O negócio é fazer o que sabemos", afirma Torben.
A parceria chegou ao pódio nos dois últimos Jogos -foi ouro em Atlanta-1996 e bronze na edição seguinte. Mas teve mais tempo de preparação do que em Sydney.
"Dessa vez, o Torben não disputou a America's Cup pouco antes da competição. Por isso estão tão bem entrosados", explica Lars Grael, diretor técnico do Brasil.
Entrosamento que ontem foi crucial para evitar um resultado desastroso. Na segunda regata, cruzaram a primeira bóia do percurso em 16º. Após recuperação incrível, chegaram em sétimo, à frente dos principais rivais.
"Aqui é assim. Você está em último numa hora e na outra já é o primeiro. Nós nunca desistimos antes do final", afirma Torben. (GUILHERME ROSEGUINI)


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