São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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POLÍTICA

Grécia valoriza medalha

DO ENVIADO A ATENAS

O holandês Diederik Simon, 34, ganhou no último domingo uma medalha de prata no remo. Foi o terceiro pódio de sua carreira; havia conquistado um ouro, em Sydney, e uma prata, em Atlanta. Mas a medalha de Atenas ele certamente não vai esquecer -pelo menos não de novo.
Na segunda-feira, Simon descuidou-se e largou seu prêmio dentro de um táxi grego. Quando percebeu que estava sem a medalha, avisou a polícia. O Athoc (Comitê Organizador dos Jogos) entrou no meio da confusão: fez contato com a Associação dos Taxistas, que repassou um apelo aos 5.000 motoristas que trabalhavam na segunda-feira à noite.
Até que um deles, chamado Ioannis Zavos, encontrou a medalha em seu carro e a devolveu ao Athoc, que iria retorná-la ontem ao holandês. O episódio foi transformado em "prova" do comprometimento nacional dos gregos com o espírito olímpico.
"Deve-se dar mérito especial ao taxista, por honrar sua profissão e seu país. Ele provou que todos os gregos podem contribuir para o sucesso dos Jogos", disse Serafim Kotrotsos, porta-voz do Athoc.
Segundo cálculos da agência de notícias Reuters, cada uma das 3.000 medalhas fabricadas pela organização vale por volta de US$ 130 (R$ 383). No total, os gastos com a premiação batem nos US$ 400 mil -como comparação, a conta para realizar os Jogos deverá fechar entre uma e duas dezenas de bilhões de dólares.
Os gregos tiveram que gastar bem mais do que os australianos para confeccionar suas medalhas. Desde Sydney, o preço do ouro subiu 45%. Da prata, 35%. Do cobre (principal material utilizado na composição do bronze), 42%.
O Athoc fabricou 3.122 medalhas para a Olimpíada e a Paraolimpíada, divididas da seguinte forma: 986 de ouro, 986 de prata e 1.150 de bronze.
Na frente, elas trazem a representação da deusa Nike e do estádio Panathinaiko -um padrão estabelecido desde os Jogos de 1928, em Amsterdã. No reverso, aparecem a Flama Olímpica, o símbolo de Atenas-2004 e o nome do esporte do premiado.
As medalhas começaram a ser confeccionadas em junho, de maneira artesanal, numa produção máxima de 150 por dia. As de prata e de bronze são feitas de prata e bronze puros. A de ouro, porém, não é feita de ouro. Ela tem uma base de prata que é depois coberta com seis gramas de ouro em uma empresa na Suíça -só a parte do ouro custa US$ 83. Desde os Jogos de Estocolmo-1912, as medalhas do primeiro colocado não têm sido mais feitas de ouro maciço.
Para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, o Athoc calcula que gastará 13 kg de ouro (um tanto a mais que em Sydney, 10,5 kg). Cada medalha distribuída nestas duas semanas pesa cerca de 150 g e tem 6 cm de diâmetro. O ouro e a prata distribuídos em Atenas vêm da Suíça. O material das medalhas de bronze é grego -em Sydney-2000, todo o metal dos prêmios era australiano.
Por terem a noção do trabalho que dá produzir uma medalha olímpica, a organização dos Jogos já decidiu: o taxista que achou e devolveu a medalha do remador holandês vai ganhar um prêmio, de valor não revelado, por sua honestidade. (ROBERTO DIAS)

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