São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Em situação financeira melhor que o arqui-rival, clube de Mustafá Contursi não se ilude mais com grandes parcerias

Palmeiras, 90, comemora o "pé no chão"

DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras comemora hoje 90 anos e celebra a política de redução de custos introduzida pelo clube no futebol brasileiro. Enquanto os arqui-rivais corintianos desejam dólares estrangeiros, a agremiação do Parque Antarctica esnoba parcerias.
"Parceria não é só arrumar alguém para bancar os seus gastos. Não podemos jamais perder o controle do clube", diz Mustafá Contursi, presidente licenciado do Palmeiras -o cargo está sendo exercido pelo vice-presidente Affonso Della Monica.
O clube, que protagonizou nos anos 90 a pioneira co-gestão no futebol brasileiro com a Parmalat, atualmente vive tempos de ""vacas magras". Após a saída da empresa italiana do Parque Antarctica em 2000, Contursi iniciou a era conhecida como "bom e barato".
As estrelas sumiram, e o gasto com o futebol foi reduzido drasticamente. "O Palmeiras com 90 anos está com mais energia, com saúde financeira e crescimento patrimonial", diz Contursi.
O modelo dele foi seguido pela maioria dos clubes do país devido a crise financeira. Os parceiros milionários desapareceram.
Aos palmeirenses, em especial, a redução de custos com o futebol teve um alto preço: o jejum de títulos importantes e a pior crise da história do clube nos gramados. Ao final de 2002, o time foi rebaixado para a Série B do Brasileiro, exatamente dez anos depois de mergulhar em um dos períodos mais vitoriosos de sua história com a Parmalat.
Foi três vezes campeão paulista, duas vezes brasileiro e uma da Taça Libertadores, em 1999.
A importância da multinacional é tão relevante que os palmeirenses, nos últimos 28 anos, só levantaram taças expressivas enquanto tiveram suporte dos italianos.
Até a entrada da Parmalat, o clube experimentou jejum de 16 anos sem títulos. A última conquista, antes do Estadual de 1993, fora o Paulista de 1976.
Pouco antes, a equipe viveu sua época mais esplendorosa nas décadas de 60 e 70 com a chamada "Academia", simbolizada pelo meia Ademir da Guia.
Outro grande momento do Palmeiras foi a conquista da Copa Rio, em 1951, encarada por seus torcedores como a conquista de um Mundial de Clubes.
"Foi sem dúvida um campeonato mundial, e a importância dela também se dá porque conseguimos resgatar a confiança do futebol brasileiro, abalada pela perda da Copa de 1950", afirma Contursi, que também cita a alteração do nome de Palestra Itália para Palmeiras, em 1942, como um dos dois mais importantes momentos da história da agremiação.
"Com a mudança de nome, abrimos as portas para uma cidade cosmopolita como São Paulo."
Agora, sem estrelas, o Palmeiras busca se fortalecer com as próprias pernas. O centro de treinamento para as categorias de base, com cinco campos, na rodovia Ayrton Senna, é a maior esperança para novos títulos e bons negócios, como o de Vágner Love, vendido para o futebol russo.
Por isso, o único parceiro que procura atualmente será para o Parque Antarctica, que deve ter em breve a ampliação da arquibancada e uma nova entrada para a torcida. (EDUARDO ARRUDA)


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