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Erro em projeto faz Rio-07 gastar R$ 21,6 mi a mais
Raia extra em pista de atletismo, pedida antes do começo das obras, provoca reformulação em estádio
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Por ter sido projetado com uma
raia a menos do que o recomendado pela Iaaf (entidade que comanda o atletismo), o estádio
João Havelange, em construção
pela Prefeitura do Rio para ser
usado no Jogos Pan-Americanos
de 2007, vai ficar R$ 21.565.466,68
mais caro para ser adaptado às
normas da entidade.
Esse é o valor autorizado pela
prefeitura para a construção da
pista de atletismo com nove raias,
conforme pedido da Iaaf, feito em
setembro de 2003, três meses antes de a obra começar, e das modificações na estrutura do estádio
decorrentes dessa alteração.
Pelo projeto inicial, a pista de
atletismo teria oito raias (praxe no
esporte). Depois da inspeção da
federação internacional, os dirigentes da Iaaf alegaram que a inclusão da nona raia deixaria a pista semelhante à utilizada nos Jogos de Atenas-04. As nove raias
são necessárias em competições
de grande porte para reduzir o
número de provas eliminatórias,
segundo a Recoma, empresa responsável pela construção da pista.
O custo inicial do projeto era de
R$ 160 milhões, mas já foi superado. Embora a construção da estrutura física do estádio tenha
chegado próxima da metade
(48% foram executados), a prefeitura diz que o João Havelange vai
custar ao menos R$ 224 milhões.
O acréscimo se deve, além do problema da raia, à alegada valorização de outros serviços.
A inclusão de mais uma raia
obrigou os engenheiros a mudar
significativamente o projeto. O
anel, a altura e a angulação das arquibancadas tiveram que ser modificadas durante as obras.
Segundo a RioUrbe, empresa da
prefeitura que realiza licitações e
fiscaliza o andamento das obras,
""houve necessidade de acréscimo
na altura e no afastamento das arquibancadas, assim como o redimensionamento de peças estruturais pré-moldadas e das áreas do
campo e da pista de atletismo para atender as exigências técnicas
da Iaaf, da Fifa e da CBAt [Confederação Brasileira de Atletismo]
relacionadas aos pontos focais e
linhas de visibilidade do público".
Pelo projeto, todos os torcedores
têm que ter visão total da pista.
Na nota, a RioUrbe acrescenta
que, ""além da readequação dos
serviços, também serão necessários equipamentos especiais como guindastes com capacidade
para 550 toneladas para o içamento e montagem da estrutura metálica da cobertura". "Esses itens
não estavam previstos no projeto
básico", informa a empresa.
Embora não tenha dado detalhes da obra, a RioUrbe afirma
que as mudanças vão gerar, por
exemplo, um acréscimo no volume do concreto estrutural. "O volume deste concreto era inicialmente de 38.928 m3, e passou para
55.686 m3", ou seja, 43% a mais.
A construção do estádio João
Havelange é cercada de polêmica.
Em 2004, a Folha revelou que o
contrato de cessão do terreno onde está sendo erguido o estádio
desrespeitou a lei complementar
estadual número 8 (1977), que
dispõe sobre o regime jurídico
dos bens imóveis do Estado do
Rio. Em 30 de abril de 2003, o Estado cedeu ao COB, por 25 anos
prorrogáveis por 25, o terreno de
175 mil m2 no Engenho de Dentro
(zona norte), que abrigará o estádio. A cessão foi assinada pela governadora Rosinha Matheus
(PMDB), mas o artigo 40 da lei
complementar de 77 permite a
cessão por até dez anos, e não 25.
O texto do artigo afirma que ""o
Poder Executivo poderá ceder,
mediante remuneração ou encargo, o uso de imóveis do Estado,
pelo prazo máximo de dez anos, à
pessoa jurídica de direito privado
de relevante valor social", caso em
que se enquadra o COB.
Para dar aval ao acordo, o governo se baseou na lei estadual ordinária número 3.984, de 11 de
outubro de 2002. A norma, assinada pela então governadora Benedita da Silva, repassava a área
por 25 anos ao COB para abrigar o
Centro Olímpico de Desenvolvimento de Talentos -o projeto
está arquivado.
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