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Mudar a lei Pelé pelo bem do esporte
FRANCISCO DE CARVALHO
especial para a Folha
O projeto de lei Pelé, que institui normas gerais sobre o
desporto, se tornou objeto
obrigatório de discussão.
Esta coluna tratará de um
único ponto específico, que, a
prevalecer, trará efeitos catastróficos ao desporto, aos atletas e ao país, que voltará à incômoda situação de mero observador em competições internacionais.
Trata-se da presumida vedação que aquele projeto trará à
faculdade hoje existente para
que as entidades desportivas
busquem na exploração da
atividade de bingo a fonte dos
recursos necessários à manutenção e desenvolvimento de
suas atividades e dos atletas.
O referido projeto não traz
nenhuma menção específica à
extinção das licenças hoje
existentes. Mas, como também
não traz a ratificação das já
existentes e/ou possibilidade
de futuras licenças, presume-se
que a intenção do projeto é
efetivamente o fim daquela
eficaz forma de custeio e desenvolvimento do desporto, já
que revoga expressamente as
disposições da Lei Zico.
O que mais nos causa estranheza e dúvidas quanto à sua
verdadeira intenção é o fato de
o projeto que ora se comenta
vir a extinguir uma fonte de
recursos que em momento algum onerou os cofres estatais.
As parcerias das entidades
desportivas com a iniciativa
privada trouxeram um desenvolvimento nunca antes conhecido ao esporte olímpico
brasileiro, uma vez que teve financiamento significativo na
atividade de bingo.
Citamos o exemplo da Federação de Atletismo no Estado
do Rio de Janeiro, que reúne
um extenso rol de atletas com
resultados excepcionais em
competições nacionais e internacionais, todos eles sendo patrocinados pelo bingo Arpoador, entidade com quem mantém contrato.
Os atletas patrocinados pelo
bingo constituem hoje uma
das maiores forças do atletismo brasileiro.
Sem contar os paraolímpicos, também patrocinados pela
mesma fonte.
Ademais, o esporte é a melhor e mais eficaz forma de
manter os nossos jovens afastados das drogas e da criminalidade. A nossa federação
mantém hoje um importante
trabalho de assistência aos jovens carentes, contando com
cerca de 1.200 menores.
Os recursos oriundos do bingo Arpoador custeiam ainda
150 atletas adultos, 20 técnicos, ajuda 20 clubes filiados, 60
árbitros, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, representando, direta e indiretamente, 300 empregos.
Visando a manutenção desse
trabalho, a federação já renovou contratos com todos esses
atletas de ponta por mais dois
anos, valendo-se, para tanto,
da expectativa de receber os
recursos que advirão da atividade de bingo.
Portanto, sob todos os aspectos e pelo bem do desporto nacional, esperamos a alteração
do projeto, no sentido de não
extinguir a fonte dos recursos
que alavancou o desporto pátrio, sob pena de rasgarmos
um exemplo para o país, visto
que a parceria Federação de
Atletismo do Estado do Rio
com o bingo Arpoador foi citada como exemplo nas CPIs instaladas tanto em Brasília
quanto no Rio.
Francisco de Carvalho, 42, preside a Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro
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