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O futebol reflete como nunca a vida brasileira
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
A sensação é a de que o futebol
brasileiro vive o fundo do poço e
sua mais grave crise de credibilidade -como os índices de impopularidade do presidente da República.
O presidente da CBF foge de
uma auditoria na entidade como
o diabo, da cruz.
O ministro dos Esportes não
consegue explicar o estranho casamento com os bingueiros.
Os árbitros não assumem a responsabilidade deles e atiram para
todos os lados.
Os torcedores invadem os campos para fazer arruaças com as
próprias irracionalidades.
O cartolas defendem viradas de
mesa com suas caras de pau.
Os jogadores se agridem como se
fossem inimigos.
Os gols diminuem, e as arquibancadas andam tão vazias que
até o anúncio do público presente
é omitido.
No entanto e apesar de tudo, o
futebol brasileiro vive, também, e
felizmente, o começo de um novo
tempo, com a entrada dos grandes investidores nos maiores clubes do país.
É natural que os primeiros contratos suscitem polêmica sobre
seus méritos e suspeitas pela falta
de transparência. Nesse sentido,
os clubes que fizerem suas parcerias depois tendem a fazer negócios melhores do que os pioneiros.
O fato é que como está não pode
ficar. Mas, quando tudo parece
perdido, eis que a Justiça esportiva se manifesta com uma série de
punições saneadoras.
É provável até que haja uma injustiça aqui e ali, num ou noutro
caso. Mas já era hora de interditar estádios, punir árbitros tíbios,
cartolas tresloucados e jogadores
violentos.
A dúvida que persiste, porém,
diz respeito à manutenção das
punições.
O Fluminense foi punido com a
perda de mando de seus jogos e
conseguiu um efeito suspensivo
para continuar a mandá-los no
Rio de Janeiro.
Não acontecerá o mesmo em relação aos estádios de Caio Martins, Independência e São Januário, eventualmente reabertos na
semana que vem, já que as punições começam apenas a partir de
amanhã?
E o Pacaembu receberá a mesma interdição por ter um torcedor corintiano agredido o vascaíno Ramon? Aconteceram fatos
também muito graves em Moisés
Lucarelli, e nem por isso o campo
da Ponte Preta foi objeto de qualquer punição.
O futebol inglês vivia situação
bem parecida até o começo da década. Com competência e vontade política, o quadro mudou radicalmente, à custa de muito trabalho e em tempo recorde.
Nada impede que o mesmo
aconteça no Brasil, a não ser as
tristes figuras que infelicitam o
futebol há anos -e o atual ministério dos Esportes, pelo visto, não
será aliado do bem, ao contrário.
Sávio voltou a se destacar na Espanha e por isso mereceu ser convocado para a seleção, assim como Élber, na Alemanha.
Já o papai Ronaldo é uma aposta que Wanderley Luxemburgo
deve mesmo fazer com todas as
suas fichas.
Agora Marcelinho e Edílson,
por mais que joguem e que Luxemburgo diga que não guarda
rancor, ficarão ao relento para
sempre.
Não é à toa que os japoneses estão regulando os ingressos de Palmeiras x Manchester enviados para o Brasil. No ano passado, o
Vasco vendeu a maior parte do
que lhe coube no câmbio negro.
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças
e às sextas-feiras
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