FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Nurburgring

O alemão Heinz-Harald Frentzen tinha um ar de dúvida ontem. Ao deixar o cockpit da Jordan, parecia não acreditar que havia conquistado a pole para o GP da Europa, 14ª etapa do Mundial de F-1.
Com apenas uma pole position no currículo (Mônaco, 97, na Williams), assim como seu time (Bélgica, 94, com Rubens Barrichello), o maior "azarão" entre os quatro pilotos que disputam o título sai na frente em Nurburgring, diante de uma torcida que agora o adotou.
Sem o grande ídolo Michael Schumacher, ainda se recuperando das fraturas na perna direita, Frentzen, eterno nº 2 dos torcedores alemães, foi alçado ontem ao posto de novo herói germânico.
O GP da Europa, antepenúltima etapa da temporada, acontece hoje, a partir das 9h (de Brasília), em Nurburgring (ALE), com TV.
A segunda pole da carreira de Frentzen na F-1 veio, talvez, no momento em que ele mais precisava. Atual terceiro colocado no Mundial, com 50 pontos, ele tenta se aproximar dos líderes, Mika Hakkinen, da McLaren, e Eddie Irvine, da Ferrari, ambos com 60.
Em uma situação ideal para o alemão, uma vitória sua e abandonos dos dois rivais, ele também empataria na liderança.
Um de seus adversários já fez metade do serviço ontem. Reclamando de tráfico e de um erro em uma freada, Irvine marcou apenas o nono tempo no treino oficial em Nurburgring.

Disputa

Hakkinen sai em terceiro no grid. Entre ele e Frentzen, classificou-se seu companheiro na McLaren, o escocês David Coulthard, atual quarto colocado no campeonato, com 48 pontos.
Esses quatro pilotos -Frentzen, Hakkinen, Coulthard e Irvine- protagonizam uma disputa que desde 1986 não acontecia na F-1: quatro pilotos lutando pelo título a três provas do fim da temporada.
Na ocasião, os concorrentes eram Alain Prost, Nigel Mansell, Ayrton Senna e Nelson Piquet.
"Não acredito no que aconteceu. É a vida", disse Frentzen, ontem, com um sorriso ainda incrédulo, após a classificação.
"Parece que só este treino deu certo para a gente no final de semana", afirmou.
A expectativa do piloto é grande em busca de uma vitória hoje. "O sentimento é fantástico, principalmente pelo fato de eu estar correndo na Alemanha."
Anteontem, entre os quatro rivais, ele foi o único a enfrentar problemas mecânicos. Deu poucas voltas e foi apenas o 12º.
Ontem pela amanhã, com novos problemas no carro, foi o 17º.
Enquanto isso, Hakkinen dominava todas as sessões, dando a entender que seria imbatível.
A decepção pelo resultado final ontem era flagrante no rosto do piloto finlandês. "Estou desapontado. Largar em terceiro é sempre uma situação desagradável."
O treino de ontem começou sob chuva. A pista foi secando ao longo da sessão e os tempos, consequentemente, foram ficando mais baixos. Todos os 22 pilotos conseguiram suas melhores marcas nos quatro minutos finais do treino.
Foi a classificação mais agitada deste ano na F-1. Ao longo da uma hora de treino, nove pilotos ocuparam a pole provisória -três deles, Ralf Schumacher, Hakkinen e Coulthard no intervalo de apenas 15 segundos.

Recorde
Com o resultado obtido ontem, Frentzen interrompeu uma sequência de seis poles consecutivas de Hakkinen. Ele perseguia a marca de nove poles seguidas, o que bateria o recorde de Senna, entre 1988 e 1989.
O alemão também impediu que o finlandês iguale o recorde de 14 poles numa mesma temporada, obtido por Mansell, em 1992, quando ele corria pela Williams.
Em 1986, Prost, piloto que chegou ao fim-de-semana da antepenúltima prova como o terceiro colocado, acabou levando o título da temporada.
Frentzen corre hoje na Alemanha para manter a escrita. E tentar repetir a história.
NA TV - GP da Europa, Globo, ao vivo, às 9h (de Brasília)


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