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FUTEBOL
Estratégia pode enfraquecer a investigação
Caso Pacaembu vai
para a corregedoria
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Reportagem Local
A Prefeitura de São Paulo vai
determinar à corregedoria do
município que analise o processo
de licitação e o contrato para a exploração das placas publicitárias
do estádio do Pacaembu.
A determinação partiu do prefeito Celso Pitta (PTN), que criou
a corregedoria em março para
apurar as denúncias relativas à
"máfia dos fiscais".
Conforme a Folha revelou na
última quinta-feira, há indícios de
que a licitação das placas publicitárias do Pacaembu tenha favorecido a empresa Target Sport Marketing, a única a apresentar uma
proposta.
Segundo a assessoria, a decisão
de Pitta não significa que ele duvide do secretário do Esporte, Lazer
e Recreação, Fausto Camunha,
para quem o processo licitatório
para exploração das placas não teve irregularidade.
Camunha diz que a licitação do
Pacaembu, conduzida por sua
equipe jurídica, foi perfeita do
ponto de vista legal.
A direção da Target, empresa
vencedora da licitação, utiliza argumento semelhante ao do secretário (leia texto nesta página).
A assessoria diz que o prefeito
acredita no secretário, mas, apesar disso, decidiu remeter o caso à
corregedoria, composta principalmente por procuradores.
Anteontem, o Ministério Público também iniciou um procedimento investigatório para apurar
o caso das placas, com base em representação feita pelo vereador
Carlos Neder (PT).
O edital apresentou exigências
muito específicas.
Por exemplo: o documento dizia que as placas do Pacaembu devem funcionar em sistema rotativo contínuo, que as dimensões
dos módulos devem ser de aproximadamente 3 m x 0,9 m e que
devem contar com sistema de fornecimento de energia próprio.
A descrição é praticamente a
mesma dos painéis da Target, que
já atuava no estádio do Pacaembu
desde 1996.
Somente as empresas que conseguem preencher todos os requisitos exigidos podem concorrer
em licitações.
Segundo especialistas ouvidos
pela Folha, essas exigências ferem
os princípios da competitividade
e da igualdade, previstas na Lei
das Licitações (Lei 8666/93).
Com tantas restrições, apenas a
Target acabou apresentando uma
proposta final para a concorrência pública, encerrada em julho.
O valor proposto pela empresa
foi apenas R$ 2.300 superior ao
preço mínimo estabelecido, de R$
70 mil mensais.
Na concorrência anterior -que
também fora vencida pela Target-, a diferença entre o preço
mínimo (R$ 50 mil) e a proposta
vencedora fora de R$ 56.245.
E, dos R$ 72.300 que têm de ser
pagos pela Target, apenas R$
10.800 serão desembolsados em
dinheiro -o restante será saldado em serviços de jardinagem.
Cortina de fumaça
A decisão de Pitta de remeter a
análise do edital para a corregedoria pode ser uma estratégia da
administração para "esvaziar" o
caso, já que o órgão está enfraquecido após sua estrutura ter sido
reduzida pela própria prefeitura.
O próprio surgimento do órgão
carrega suspeitas de ter sido uma
jogada publicitária orquestrada
pelo prefeito paulistano.
Criada em março deste ano, no
pior momento da crise envolvendo a administração com a "máfia
dos fiscais", a corregedoria teve
como primeiro titular o vice-prefeito paulistano, Régis de Oliveira
(PMN).
Após rompimento entre Pitta e
Oliveira, o vice-prefeito acabou
destituído do cargo, hoje ocupado
pela procuradora Cynthia Sinisgalli Reginato. A Folha não conseguiu falar com ela anteontem.
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