São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2001

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TÊNIS

O detestável campeão

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Lleyton Hewitt nunca havia participado de um evento tão importante. Em um terno que lhe caía mal, suava muito. O calor da sala sem ar-condicionado aumentava com as luzes da TV.
Acuado pela presença de gente mais famosa, Hewitt se escondeu. A organização, porém, puxou Hewitt para o lado de Pete Sampras, Andre Agassi, Gustavo Kuerten, Marat Safin, Ievguêni Kafelnikov, Alex Corretja e Magnus Norman. Só assim Hewitt saiu na foto oficial da Copa do Mundo de Lisboa, no fim da última temporada.
Tímido, sem saber ao certo como as coisas funcionavam na competição, sem entender português, Hewitt ficava "na sua".
Conversei brevemente com ele e perguntei o que é possível fazer contra Sampras, Agassi, Guga... "Olhe para eles. Estou aqui como você, para ver esses caras jogarem. Em 2001, quem sabe?"

Em abril deste ano, Hewitt ainda mostrava um certo receio. Dos EUA, voaria para o Brasil. Destino: Florianópolis, o quintal de Kuerten. Evento: a Copa Davis.
Perguntava sempre o que seria jogar no Brasil. A torcida incomodaria? Ele seria ameaçado? Correria risco de apanhar?
O que ficou para a história é que o australiano foi embora com três vitórias nos saibro: sobre Fernando Meligeni, contra Gustavo Kuerten e Jaime Oncins nas duplas e, grand finale, sobre Kuerten no "mano a mano".

Em julho, foi para um dos lugares em que mais gosta de jogar: a grama inglesa. No prestigioso Queens Club, chegou ao título ganhando, em série, de Greg Rusedski, para frustração dos ingleses, de Pete Sampras, para frustração dos ingleses, e de Tim Henman, para frustração dos ingleses.

Nos EUA, no começo deste mês, Hewitt frustrou mais gente. Com uma frase racista, no jogo contra James Blake, foi pressionado por jornalistas, tenistas e torcedores. Em quadra, porém, foi perfeito, para frustração dos americanos.
Nas quartas-de-final, mandou para casa Andy Roddick. Contra o garoto-revelação, jogou como um veterano, e essa foi a diferença. Na final, impiedoso, barrou a volta triunfal de Pete Sampras diante de seus súditos.
Na noite do título, um jantar para poucos no restaurante Bice, Hewitt já mostrava mais desenvoltura. Mesmo com a casa cheia, não foram poucos os garçons que ouviram as risadas, as piadas e a voz alta do novo campeão.

Agora, no fim de semana, Hewitt colocou a Austrália na final da Copa Davis. Ganhou seus dois jogos de simples, compensando uma derrota de Patrick Rafter contra a Suécia.
Hewitt, que tantos dissabores causou neste ano mundo afora, terá a chance de fazer a festa de seus fãs em casa. Em novembro, em Sydney, disputa a Copa do Mundo, desta vez não como debutante assustado. Em dezembro, em Melbourne, será a estrela na final da Davis, contra a França.
Nesta semana, porém, Hewitt não fala de tênis. Um dos que mais mostram evolução neste ano, ele está ocupado. Já avisou que só quer saber das finais do futebol australiano. "Vou colocar os pés para cima e só ficar de olho na TV. Depois, eu volto."

Para quem quer
O paulistano tem a chance de ver um dos últimos torneios no país. O clube Helvetia (altura no número 3.075 da av. Indianópolis) está recebendo mais um challenger. Entrada franca para ver, entre ouros, Alexandre Simoni, Thiago Alves e Marcio Carlsson.

Para quem pode
A quem pediu informação, aí vai. Entrada para o Masters Series de Paris pode ser obtida pelo tel. 00/xx/34/803-030-031 ou no www.ticketnet.fr e custa entre 80 e 325 francos franceses (R$ 30 e R$ 124).

Para quem espera
O australiano Mark Philippoussis está de volta às quadras, depois de sete meses de ausência. Quem também voltou, após um mês "no estaleiro", é o francês Sebastién Grosjean. Enquanto o primeiro luta para reconquistar a confiança e a forma física e técnica, o segundo tenta ir ao Masters em Sydney.

E-mail: reandaku@uol.com.br


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