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TÊNIS
O detestável campeão
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Lleyton Hewitt nunca havia participado de um evento
tão importante. Em um terno que
lhe caía mal, suava muito. O calor
da sala sem ar-condicionado aumentava com as luzes da TV.
Acuado pela presença de gente
mais famosa, Hewitt se escondeu.
A organização, porém, puxou Hewitt para o lado de Pete Sampras,
Andre Agassi, Gustavo Kuerten,
Marat Safin, Ievguêni Kafelnikov,
Alex Corretja e Magnus Norman.
Só assim Hewitt saiu na foto oficial da Copa do Mundo de Lisboa, no fim da última temporada.
Tímido, sem saber ao certo como as coisas funcionavam na
competição, sem entender português, Hewitt ficava "na sua".
Conversei brevemente com ele e
perguntei o que é possível fazer
contra Sampras, Agassi, Guga...
"Olhe para eles. Estou aqui como
você, para ver esses caras jogarem. Em 2001, quem sabe?"
Em abril deste ano, Hewitt ainda mostrava um certo receio. Dos
EUA, voaria para o Brasil. Destino: Florianópolis, o quintal de
Kuerten. Evento: a Copa Davis.
Perguntava sempre o que seria
jogar no Brasil. A torcida incomodaria? Ele seria ameaçado? Correria risco de apanhar?
O que ficou para a história é
que o australiano foi embora com
três vitórias nos saibro: sobre Fernando Meligeni, contra Gustavo
Kuerten e Jaime Oncins nas duplas e, grand finale, sobre Kuerten
no "mano a mano".
Em julho, foi para um dos lugares em que mais gosta de jogar: a
grama inglesa. No prestigioso
Queens Club, chegou ao título ganhando, em série, de Greg Rusedski, para frustração dos ingleses, de Pete Sampras, para frustração dos ingleses, e de Tim Henman, para frustração dos ingleses.
Nos EUA, no começo deste mês,
Hewitt frustrou mais gente. Com
uma frase racista, no jogo contra
James Blake, foi pressionado por
jornalistas, tenistas e torcedores.
Em quadra, porém, foi perfeito,
para frustração dos americanos.
Nas quartas-de-final, mandou
para casa Andy Roddick. Contra
o garoto-revelação, jogou como
um veterano, e essa foi a diferença. Na final, impiedoso, barrou a
volta triunfal de Pete Sampras
diante de seus súditos.
Na noite do título, um jantar
para poucos no restaurante Bice,
Hewitt já mostrava mais desenvoltura. Mesmo com a casa cheia,
não foram poucos os garçons que
ouviram as risadas, as piadas e a
voz alta do novo campeão.
Agora, no fim de semana, Hewitt colocou a Austrália na final
da Copa Davis. Ganhou seus dois
jogos de simples, compensando
uma derrota de Patrick Rafter
contra a Suécia.
Hewitt, que tantos dissabores
causou neste ano mundo afora,
terá a chance de fazer a festa de
seus fãs em casa. Em novembro,
em Sydney, disputa a Copa do
Mundo, desta vez não como debutante assustado. Em dezembro,
em Melbourne, será a estrela na
final da Davis, contra a França.
Nesta semana, porém, Hewitt
não fala de tênis. Um dos que
mais mostram evolução neste
ano, ele está ocupado. Já avisou
que só quer saber das finais do futebol australiano. "Vou colocar os
pés para cima e só ficar de olho na
TV. Depois, eu volto."
Para quem quer
O paulistano tem a chance de ver um dos últimos torneios no país.
O clube Helvetia (altura no número 3.075 da av. Indianópolis) está
recebendo mais um challenger. Entrada franca para ver, entre ouros, Alexandre Simoni, Thiago Alves e Marcio Carlsson.
Para quem pode
A quem pediu informação, aí vai. Entrada para o Masters Series de
Paris pode ser obtida pelo tel. 00/xx/34/803-030-031 ou no www.ticketnet.fr e custa entre 80 e 325 francos franceses (R$ 30 e R$ 124).
Para quem espera
O australiano Mark Philippoussis está de volta às quadras, depois
de sete meses de ausência. Quem também voltou, após um mês
"no estaleiro", é o francês Sebastién Grosjean. Enquanto o primeiro luta para reconquistar a confiança e a forma física e técnica, o segundo tenta ir ao Masters em Sydney.
E-mail: reandaku@uol.com.br
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