|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
A sorte ajuda os melhores
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
O Brasil , que há alguns anos
já tinha perdido a supremacia mundial com a seleção principal e com a sub-20, foi eliminado
pela França no Mundial sub-17.
Não foi uma derrota atípica. O
time francês mostrou mais habilidade, técnica, equilíbrio emocional e um esquema mais moderno
e eficiente. No primeiro tempo,
marcou por pressão, tomou a bola com facilidade, fez dois gols e
decidiu o jogo. Conheço essa história. Ela se repete há muito tempo com os adultos.
Um dos motivos da hegemonia
brasileira na sub-17 durante vários anos era o fato de os brasileiros amadurecerem mais rápido e
terem um comportamento mais
agressivo. Pareciam adultos contra meninos. Agora, nem isso funciona. Além de jogar feio, o futebol brasileiro não vence.
Assim como a Argentina, as
equipes de base da França adotam a mesma filosofia do time
principal. Fizeram um planejamento a médio e longo prazo. Os
jovens são dirigidos por profissionais experientes e competentes.
No Brasil, põem técnicos inexperientes e desconhecidos no comando. São escolhidos mais por
indicação do que pela competência. Todos repetem os mesmos
discursos, obviedades e clichês dos
treinadores dos times principais:
"O importante é a pegada; temos
de matar a jogada; vamos marcar
e atacar em velocidade; a união
faz a força; não podemos tomar o
primeiro gol; sorte".
A sorte só ajuda quem planeja e
tem competência.
Retorno prematuro
A convocação do Ronaldo foi
prematura, mas compreensível.
Se o jogador não tiver boas condições para atuar contra o Chile, o
que é provável, poderá ser substituído por um atacante que atua
no Brasil. Além disso, 4 dos 22 selecionados não ficarão nem no
banco de reservas. Provavelmente
Ronaldo será um deles. Sua convocação não trará prejuízos.
Na convocação dos "estrangeiros", na sexta, Scolari tinha esperanças de que o jogador atuasse
no domingo seguinte e no próximo, pelo Italiano, e amanhã contra o Brasov, pela Copa da Uefa.
Aí poderia jogar contra o Chile.
Domingo, Ronaldo não jogou.
A Inter fez um planejamento de
recuperação do atleta e certamente não gostou de sua convocação. Não ficarei surpreso se o
Ronaldo não atuar amanhã nem
domingo. A retaliação é uma das
características da alma humana.
Na entrevista coletiva, Felipão
disse que a presença do Ronaldo
em campo é um fator psicológico
positivo para o time e de muita
preocupação para os adversários.
Ronaldo só deveria ser escalado
em boas condições físicas e técnicas. Colocá-lo antes da hora, para
"dar moral" ao time, é um dos
inúmeros clichês ultrapassados
que invadem o futebol brasileiro.
Na verdade, a seleção não tem
um centroavante confiável. Daí, a
pressa em escalar o Ronaldo. Seu
melhor substituto (França) teve
chances e não correspondeu. Não
somente ele. Além disso, França
joga em dupla, trocando passes
pelo meio, e o técnico não gosta
desse estilo. Parece até que a seleção tem um outro estilo eficiente.
Há uma ilusão de que o problema principal da seleção é a ausência de um excepcional centroavante. Ronaldo resolveria tudo. Ele só vai brilhar se estiver em
boas condições físicas e técnicas e
atuar numa equipe organizada.
Aí fará diferença.
Critério político
A Liga Rio-São Paulo, que será
dirigida pelo Eduardo Farah, terá
a presença do Etti Jundiaí e do
Americano de Campos. O Etti
tem muitos padrinhos e pertence
à Parmalat. O Americano é o time do Eduardo Viana, presidente
da Federação do Rio de Janeiro.
O São Caetano, vice campeão
da Copa João Havelange e vice-líder do Brasileiro, está fora. Não
tem padrinhos. Critério técnico
não vale. Só os políticos e financeiros. As ligas começaram mal.
Critério machista
A Federação Paulista está selecionando mulheres para jogar no
Paulista Feminino. O principal
critério é a beleza. É uma conduta
machista, absurda e antiesportiva. Um retrato da idiotice que se
alastra pelo país. Neste momento,
tenho saudades do antigo cronista Stanislaw Ponte Preta, autor
da coluna Febeapá (Festival de
Besteiras que Assola o país).
Ótimo trio
Marcelinho, Robert e Viola se
completam. Marcelinho é veloz,
cruza muito bem e joga mais pela
direita. Robert é mais lúcido, criativo e atua principalmente pela
esquerda. Viola, no meio dos dois,
é um excelente finalizador.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Eu só preciso jogar, afirma atacante Muñoz Próximo Texto: Panorâmica - Automobilismo: Hakkinen pode desistir de correr em Indianápolis Índice
|