São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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FUTEBOL

STJD escala comissão, defende quebra de sigilo bancário de juízes e antecipa que partidas suspeitas serão reeditadas

Tribunal verá VTs para definir anulações

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Luiz Zveiter, anunciou ontem a criação de uma comissão especial formada pelo paraguaio Carlos Alarcón, integrante da comissão de arbitragem da Fifa, e por dois ex-juízes brasileiros para vasculharem os vídeos de pelo menos oito partidas que Edilson Pereira de Carvalho atuou no Brasileiro.
Carvalho foi preso anteontem pela Polícia Federal acusado de favorecer times, em esquema que envolve apostas pela internet. Zveiter afirma que alguns jogos podem ser anulados.
O escândalo irrompe em momento de euforia no Nacional -a disputa pelo topo é acirrada, a média de gols é a melhor dos torneios de pontos corridos e as bilheterias são ao menos 65% maiores do as registradas em 2004.
Integrada também por Edson Resende e Valquir Pimentel, a comissão de especialistas em arbitragem vai auxiliar o grupo de auditores do STJD que investiga o caso. A partir de hoje, três especialistas do tribunal -Marcos Basílio, Luiz Lanfredi e Antônio Gaspar- vão trabalhar com promotores do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado e agentes da PF, que fazem a investigação na Justiça.
"Como o árbitro admitiu que interferiu em oito partidas, vamos trabalhar em cima destes jogos para ver se ocorreu algum favorecimento indevido", disse Zveiter.
Carvalho atuou em 11 partidas do Brasileiro. Segundo Zveiter, os promotores do Gaeco informaram que não houve "contaminação de resultado" em três das 11 partidas que o árbitro trabalhou.
De acordo com o presidente do STJD, a comissão de árbitros tem diversas formas para caraterizar pelo vídeo que Carvalho manipulou resultados. "Se ele deu falta que não existiu, inverteu faltas, ficou amarrando o jogo no meio-campo, isto tudo dá para perceber pelo vídeo. A partir daí, vamos confrontar o depoimento dele e suas atuações para fazer o inquérito na Justiça Desportiva", disse Zveiter, que acredita que no máximo em três semanas o tribunal deverá estar julgando os casos.
Embora tenha admitido que alguns jogos correm risco de ser anulados no tapetão, o presidente do STJD descartou a possibilidade do Brasileiro ser paralisado.
"Os derrotistas de plantão não vão obter vantagem. Se há um prejuízo de um lado, não vamos tentar conseguir vantagem indevida do outro", disse Zveiter.
Ele afirmou ainda que vai pedir para a Confederação Brasileira de Futebol interpelar os árbitros citados nas investigações. O STJD quer que a entidade convença os juizes a autorizarem a quebra de seus sigilos bancário e telefônico.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, se pronunciou ontem pela primeira vez sobre o assunto.
"O Brasileiro não será paralisado. Esses fatos graves, serão apurados, para que possam vir à tona todas as ilegalidades", declarou.
Anteontem, a CBF afastou Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon de seu quadro e anunciou a criação de uma comissão para apurar as denúncias.


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