São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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FUTEBOL

CBF e assessoria do dirigente contestam a afirmação de Carlos Melles

Ministro diz que Teixeira já ofereceu carta de renúncia

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro Carlos Melles (Esporte e Turismo) disse ontem, em entrevista à rádio CBN, que o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, já ofereceu ""uma carta de renúncia oficializada" para deixar o cargo.
""Eu acredito que o Ricardo vai cumprir o acordo feito comigo. Ele até me propôs uma carta de renúncia oficializada para o entendimento do futebol brasileiro", disse o ministro.
Na terça-feira, Melles admitiu, pela primeira vez, que estava negociando a renúncia de Teixeira até o final do ano.
Pelo acordo, Ricardo Teixeira deixaria a presidência. Em troca, o ministro conseguiria um cargo importante para o dirigente na Fifa -ele já tem dois.
A assessoria de Teixeira e o presidente interino da entidade, Alfredo Nunes, negaram a informação do ministro.
Melles disse, inclusive, que se reuniu com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, para discutir o afastamento do dirigente da CBF.
A proposta de uma carta de renúncia oferecida por Ricardo Teixeira ao ministro surpreendeu Alfredo Nunes.
""Eu desconheço", disse Nunes, que ficará no cargo até o final da licença médica de Teixeira.
Segundo Nunes, o presidente da CBF não vai renunciar ao cargo.
Apesar de a CBF negar publicamente a saída do dirigente, o ministro disse que ""espera o encerramento da CPI do Senado", previsto para o início de dezembro, para o dirigente deixar o cargo.
O presidente da CBF ficará fora da entidade até o início de março.
A longa ausência de Teixeira foi divulgada anteontem, um dia depois de o ministro ter revelado publicamente o acordo para o dirigente deixar a CBF.
Segundo o médico Roberto Horcardes, Teixeira terá que cumprir mais quatro meses de licença médica.
No dia 31 de agosto, o presidente da CBF foi submetido a uma angioplastia -espécie de intervenção cirúrgica cardíaca.
Por conta dos problemas cardíacos, Ricardo Teixeira não irá depor na CPI do Futebol.
O depoimento estava marcado para o próximo dia 31. Em seu lugar deverá falar aos senadores Marco Antônio Teixeira, secretário-geral da entidade.
O presidente interino da CBF disse ontem que as ligas de clubes, bandeira levantada por Melles e pela CPI do Senado, terão que estar ""integradas" à CBF.
A anuência da entidade às ligas vem sendo negociada por Teixeira com o ministro e com a TV Globo, favorável à proposta.
Nunes disse que a entidade vai editar na próxima semana uma RDI (resolução de diretoria) para normatizar a criação das ligas.
""Caso contrário, os clubes não vão existir para a entidade", disse Nunes, acrescentando que a CBF poderá ser até desfiliada pela Fifa.
O presidente interino da entidade disse que ""até agora" nenhum representante da Liga Rio-São Paulo, recém-criada, procurou a CBF para discutir o assunto.
Segundo o substituto de Teixeira, a entidade vai permitir a criação de uma liga nacional e várias regionais, ""desde que os moldes da RDI sejam obedecidos".
Nunes disse que a CBF vai exigir apenas organizar a Copa do Brasil e a Copa dos Campeões.


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