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F-1
Ex-piloto brasileiro se desentende com Alain Prost e agora acompanha à distância destino do time
Diniz desiste de comandar equipe
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Durou menos de um ano o plano de Pedro Paulo Diniz de comandar uma equipe na F-1.
Dono de 38% da Prost Grand
Prix desde dezembro de 2000, o
brasileiro desistiu de exercer a opção contratual para aumentar sua
participação, deixou a direção do
time e, há pelo menos dois meses,
não aparece na fábrica, em Guyancourt, na região de Paris.
O principal motivo para a reviravolta foi o relacionamento conturbado entre Diniz e Alain Prost,
sócio majoritário da equipe, com
51% das ações -os 11% restantes
pertencem a um grupo liderado
pela grife de moda Louis Vuitton.
O filho de Abílio Diniz, presidente do Grupo Pão de Açúcar,
não concorda com os rumos que
Prost quer dar à escuderia, afundada em uma dívida de US$ 16
milhões e com previsões de gastar
mais US$ 100 milhões em 2002.
Para ele, o ideal, a partir do próximo Mundial, seria um projeto
modesto. A começar pelo motor.
Diniz era contra a manutenção
dos motores Ferrari, que custam
US$ 25 milhões por ano à equipe.
Como alternativa, ele negociou o
fornecimento dos Asiatech, que
em 2001 estiveram na Arrows.
A empresa, herdeira da divisão
de F-1 da Peugeot, havia concordado até em pagar que seus propulsores equipassem a Prost.
O tetracampeão, porém, barrou
o negócio tramado pelo sócio e insistiu na opção Ferrari. Foi a gota
d'água para Diniz abortar o projeto de uma equipe brasileira na categoria dentro de alguns anos.
"Sou sócio minoritário. O Prost
é que deve procurar uma solução
para a equipe", declarou Diniz,
por intermédio de sua assessoria.
"Inclusive, eu já me afastei do
board [direção"", completou o
ex-piloto da Forti Corse, Ligier
(comprada por Prost em 1997),
Arrows e Sauber, que está em São
Paulo desde a semana passada.
Diniz, agora, vai acompanhar à
distância o destino da equipe e esperar eventuais ofertas por suas
ações, que podem acabar em
mãos árabes -Al Waleed, príncipe da Arábia Saudita, vem negociando o controle da Prost.
Com a desistência de Diniz, o
Brasil repete um histórico de tentativas frustradas de manter uma
escuderia disputando a categoria
máxima do automobilismo.
Entre 1975 e 1982, Emerson Fittipaldi foi o primeiro a tentar. Batizada de Copersucar e, mais tarde, de Fittipaldi, sua equipe conseguiu pouquíssimos resultados e
virou motivo de piadas no país.
Quebrado, o bicampeão abandonou o projeto e, dois anos depois, foi tentar a sorte na Indy.
A segunda tentativa aconteceu
em 1995, quando a Forti Corse, escuderia ítalo-brasileira de F-3000,
decidiu se arriscar na F-1. Comandada pelo brasileiro Carlo Gancia
e pelo italiano Guido Forti, a equipe participou de 23 GPs, sempre
no fundo do pelotão, até fechar
depois de uma disputa judicial.
Mesmo se os negócios com a
Prost tivessem dado certo, Diniz
enfrentaria dificuldades em 2002.
Nona colocada no último Mundial de Construtores, correndo
com cinco pilotos diferentes, a
equipe perdeu importantes patrocinadores nos últimos anos,
como a Gitanes e a Yahoo.
O aperto no orçamento e a turbulência interna eram visíveis nas
últimas corridas da temporada
-Diniz foi a poucas provas no
segundo semestre, e Prost não
viajou sequer para o encerramento da temporada, em Suzuka.
Até agora, o time não definiu
sua dupla de pilotos para 2002.
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