São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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F-1

Ex-piloto brasileiro se desentende com Alain Prost e agora acompanha à distância destino do time

Diniz desiste de comandar equipe

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Durou menos de um ano o plano de Pedro Paulo Diniz de comandar uma equipe na F-1.
Dono de 38% da Prost Grand Prix desde dezembro de 2000, o brasileiro desistiu de exercer a opção contratual para aumentar sua participação, deixou a direção do time e, há pelo menos dois meses, não aparece na fábrica, em Guyancourt, na região de Paris.
O principal motivo para a reviravolta foi o relacionamento conturbado entre Diniz e Alain Prost, sócio majoritário da equipe, com 51% das ações -os 11% restantes pertencem a um grupo liderado pela grife de moda Louis Vuitton.
O filho de Abílio Diniz, presidente do Grupo Pão de Açúcar, não concorda com os rumos que Prost quer dar à escuderia, afundada em uma dívida de US$ 16 milhões e com previsões de gastar mais US$ 100 milhões em 2002.
Para ele, o ideal, a partir do próximo Mundial, seria um projeto modesto. A começar pelo motor.
Diniz era contra a manutenção dos motores Ferrari, que custam US$ 25 milhões por ano à equipe. Como alternativa, ele negociou o fornecimento dos Asiatech, que em 2001 estiveram na Arrows.
A empresa, herdeira da divisão de F-1 da Peugeot, havia concordado até em pagar que seus propulsores equipassem a Prost.
O tetracampeão, porém, barrou o negócio tramado pelo sócio e insistiu na opção Ferrari. Foi a gota d'água para Diniz abortar o projeto de uma equipe brasileira na categoria dentro de alguns anos.
"Sou sócio minoritário. O Prost é que deve procurar uma solução para a equipe", declarou Diniz, por intermédio de sua assessoria.
"Inclusive, eu já me afastei do board [direção"", completou o ex-piloto da Forti Corse, Ligier (comprada por Prost em 1997), Arrows e Sauber, que está em São Paulo desde a semana passada.
Diniz, agora, vai acompanhar à distância o destino da equipe e esperar eventuais ofertas por suas ações, que podem acabar em mãos árabes -Al Waleed, príncipe da Arábia Saudita, vem negociando o controle da Prost.
Com a desistência de Diniz, o Brasil repete um histórico de tentativas frustradas de manter uma escuderia disputando a categoria máxima do automobilismo.
Entre 1975 e 1982, Emerson Fittipaldi foi o primeiro a tentar. Batizada de Copersucar e, mais tarde, de Fittipaldi, sua equipe conseguiu pouquíssimos resultados e virou motivo de piadas no país.
Quebrado, o bicampeão abandonou o projeto e, dois anos depois, foi tentar a sorte na Indy.
A segunda tentativa aconteceu em 1995, quando a Forti Corse, escuderia ítalo-brasileira de F-3000, decidiu se arriscar na F-1. Comandada pelo brasileiro Carlo Gancia e pelo italiano Guido Forti, a equipe participou de 23 GPs, sempre no fundo do pelotão, até fechar depois de uma disputa judicial.
Mesmo se os negócios com a Prost tivessem dado certo, Diniz enfrentaria dificuldades em 2002.
Nona colocada no último Mundial de Construtores, correndo com cinco pilotos diferentes, a equipe perdeu importantes patrocinadores nos últimos anos, como a Gitanes e a Yahoo.
O aperto no orçamento e a turbulência interna eram visíveis nas últimas corridas da temporada -Diniz foi a poucas provas no segundo semestre, e Prost não viajou sequer para o encerramento da temporada, em Suzuka.
Até agora, o time não definiu sua dupla de pilotos para 2002.


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