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Fifa tem ação restrita, diz julgador
COPA-18
Membro do Comitê de Ética afirma que corrupção é punida só no âmbito esportivo
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO
Membros do Comitê de Ética da Fifa, 15 homens julgarão o escândalo sobre as eleições das Copa de 2018 e 2022.
Estão suspensos os membros do Comitê Executivo
Amos Adamu e Reynal Temarri, que negociavam votos
em gravação feita pelo jornal
"Sunday Times". Há suspeita de acordo eleitoral entre Catar e Espanha/Portugal.
Integrante do Comitê de
Ética da Fifa, o advogado
norte-americano Burton Haimes diz à Folha que a apuração deve acabar até a eleição.
Sem dar detalhes do caso,
é otimista em recuperar a credibilidade da Fifa. Mas admite que a ação dela é limitada:
investiga sem auxílio de órgãos policiais, e as punições
são só no âmbito esportivo.
Folha - Que tipo de ferramentas o Comitê de Ética tem,
além de depoimentos, para
avançar na investigação?
Burton Haimes - A Fifa tem
um departamento legal. Eles
têm o direito e o dever de alcançar pessoas envolvidas e
perguntar quaisquer informações. A investigação é feita pelo departamento legal.
Esse departamento tem cooperação com a Interpol?
Não tenho conhecimento.
Em órgão administrativo, o
escopo do que podemos fazer
disciplinarmente é baseado
em atos no âmbito da Fifa.
O senhor acha que, como o
sistema legal da Suíça não
tem punição criminal a dirigentes, isso os encoraja a fazer o que querem?
Não sei. Certamente, se
houvesse casos criminais envolvidos, as autoridades poderiam se envolver. O que a
Fifa está fazendo não exclui
os remédios judiciais de países. Haveria vários países envolvidos. Não tenho certeza
de qual teria jurisdição.
Esse talvez seja um problema
não só da Fifa mas de outras
organizações transnacionais.
Sim.
Para o senhor, deveria haver
sistema legal neste caso?
Acho que a Fifa tenta
aprender com experiências e
tenta melhorar o sistema.
O senhor sabe quando acabará a investigação?
Depende de onde a informação vai levá-la. Nós sabemos que 2 de dezembro é a
data em que o vencedor da
Copa será anunciado. Presumivelmente, esse dia delimita a investigação. Mas levará
o tempo que o comitê entender ser apropriado.
Mas o senhor entende que, se
a investigação não acabar até
lá, haverá uma sombra?
Não sei. Sou só o membro
do departamento judiciário.
Mas a Fifa pediu ao Comitê de
Ética que acabasse com esse
processo antes da eleição?
Eu presumiria que sim.
Mas não sei isso.
O Comitê Olímpico Internacional enfrentou questões como a da Fifa e sofreu tipo de
intervenção. Crê que deveria
ocorrer o mesmo com a Fifa?
Acho que a Fifa tem poder,
vontade, autoridade e desejo
para fazer o necessário se
achar casos de corrupção ou
irregularidades. E tem um
histórico exemplar.
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