São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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Fifa tem ação restrita, diz julgador

COPA-18
Membro do Comitê de Ética afirma que corrupção é punida só no âmbito esportivo


RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

Membros do Comitê de Ética da Fifa, 15 homens julgarão o escândalo sobre as eleições das Copa de 2018 e 2022. Estão suspensos os membros do Comitê Executivo Amos Adamu e Reynal Temarri, que negociavam votos em gravação feita pelo jornal "Sunday Times". Há suspeita de acordo eleitoral entre Catar e Espanha/Portugal.
Integrante do Comitê de Ética da Fifa, o advogado norte-americano Burton Haimes diz à Folha que a apuração deve acabar até a eleição.
Sem dar detalhes do caso, é otimista em recuperar a credibilidade da Fifa. Mas admite que a ação dela é limitada: investiga sem auxílio de órgãos policiais, e as punições são só no âmbito esportivo.

Folha - Que tipo de ferramentas o Comitê de Ética tem, além de depoimentos, para avançar na investigação? Burton Haimes - A Fifa tem um departamento legal. Eles têm o direito e o dever de alcançar pessoas envolvidas e perguntar quaisquer informações. A investigação é feita pelo departamento legal.

Esse departamento tem cooperação com a Interpol?
Não tenho conhecimento. Em órgão administrativo, o escopo do que podemos fazer disciplinarmente é baseado em atos no âmbito da Fifa.

O senhor acha que, como o sistema legal da Suíça não tem punição criminal a dirigentes, isso os encoraja a fazer o que querem?
Não sei. Certamente, se houvesse casos criminais envolvidos, as autoridades poderiam se envolver. O que a Fifa está fazendo não exclui os remédios judiciais de países. Haveria vários países envolvidos. Não tenho certeza de qual teria jurisdição.

Esse talvez seja um problema não só da Fifa mas de outras organizações transnacionais.
Sim.

Para o senhor, deveria haver sistema legal neste caso?
Acho que a Fifa tenta aprender com experiências e tenta melhorar o sistema.

O senhor sabe quando acabará a investigação?
Depende de onde a informação vai levá-la. Nós sabemos que 2 de dezembro é a data em que o vencedor da Copa será anunciado. Presumivelmente, esse dia delimita a investigação. Mas levará o tempo que o comitê entender ser apropriado.

Mas o senhor entende que, se a investigação não acabar até lá, haverá uma sombra?
Não sei. Sou só o membro do departamento judiciário.

Mas a Fifa pediu ao Comitê de Ética que acabasse com esse processo antes da eleição?
Eu presumiria que sim. Mas não sei isso.

O Comitê Olímpico Internacional enfrentou questões como a da Fifa e sofreu tipo de intervenção. Crê que deveria ocorrer o mesmo com a Fifa?
Acho que a Fifa tem poder, vontade, autoridade e desejo para fazer o necessário se achar casos de corrupção ou irregularidades. E tem um histórico exemplar.


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