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FUTEBOL
Datafolha mostra que rendimento de lateral desaba após uso de droga
Athirson pós-doping vira espectro de craque no Fla
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de ser flagrado no exame
antidoping, em junho passado, o
lateral Athirson, 23, do Flamengo,
nunca mais foi o mesmo jogador.
De "craque", passou a ser apenas
mais um em campo.
Levantamento realizado pelo
Datafolha, comparando a performance do atleta nos dois semestres de 2000, mostra que o Athirson pós-doping participa menos
do jogo, erra mais passes, faz muito menos desarmes, comete mais
faltas, erra mais finalizações e perde mais bolas.
Ou seja, é pior hoje do que era
há seis meses, quando suas excelentes atuações o levaram às seleções brasileiras principal e olímpica e o transformaram no principal ídolo do Flamengo.
Em campo, impressionava pela
frequente presença no ataque e
pelas arrancadas de seu campo à
linha de fundo adversária. Apesar
de ser lateral, era a principal opção ofensiva do clube carioca.
Em 15 de junho, um exame detectou a presença do estimulante
femproporex na urina do lateral,
após o jogo entre Flamengo e Bahia, em maio, pela Copa do Brasil.
Nem médicos nem advogados do
Flamengo contestaram na ocasião a presença da substância
proibida na urina do jogador, que
ficou comprovada pela realização
de exames de prova e contraprova
do material coletado.
Apesar disso, Athirson acabou
absolvido da acusação de doping
pelo STJD (Superior Tribunal de
Justiça Desportiva).
O levantamento comprova o
que o torcedor percebeu a olhos
vistos no segundo semestre: uma
queda considerável no rendimento físico e técnico do jogador.
Foram analisadas 18 partidas de
que Athirson participou, nove antes do anúncio do doping e nove
depois. As primeiras foram no
torneio Rio-São Paulo, no Pré-Olímpico e nas eliminatórias da
Copa-2002. Os jogos do segundo
semestre são todos da Copa JH.
Em 12 fundamentos avaliados,
dez indicam piora.
O dado que mais impressiona,
pela disparidade, é o número de
desarmes. De uma média de 10,1
desarmes por jogo, Athirson passou a ser responsável por apenas
4,6, o que corresponde a apenas
45,5% da marca anterior. A explicação mais plausível para isso é a
de que o jogador está com pior
preparo físico e, portanto, é menos eficiente na marcação. Pelo
mesmo motivo, estaria cometendo mais faltas. Com menos explosão, chega atrasado em alguns
lances, sendo obrigado a parar os
adversários dessa maneira.
Athirson passou a receber menos bolas de seus companheiros e
a perdê-las com mais facilidade.
Antes, rivais tomavam-lhe 3,4 bolas por jogo. Passaram a roubar
5,9. A precisão de seus passes diminuiu de 79,4% para 76,2%.
Os únicos fundamentos que
mostram melhora são o aumento
do número de chutes a gol -embora a eficiência nas finalizações
certas tenha caído de 42,9% para
35%- e de lançamentos, de 1,1
para 1,4 por jogo. Este dado pode,
porém, indicar que ele estaria lançando mais para se poupar.
De acordo com o professor de
bioquímica da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (Uerj),
Luiz Felipe Pinto, a queda de rendimento do lateral pode ser explicada por dois motivos:
1) Athirson ter parado de usar a
substância femproporex, caso o
fizesse de fato. Segundo Pinto,
usuários de estimulantes como o
femproporex têm o rendimento
físico de "super-homens".
"Quando param de usar o estimulante, o rendimento cai, e os
atletas voltam a ter o desempenho
anterior, com certeza inferior."
2) Situações de estresse emocional geram radicais livres, que minam a resistência e provocam fadiga. Tensões como as causadas
pela denúncia de doping e pela indefinição quanto à transferência
para a Juventus (Itália) podem ter
provocado isso.
Athirson negou, durante os julgamentos no STJD, ter se dopado.
A assinatura do pré-contrato
com a Juventus, em meio ao caso
de doping, complicou sua situação no Flamengo, gerando uma
crise que ainda irritou a torcida.
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