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Seletiva revela faixas marrom
Eduardo Santos, 24, e Victor Penalber, 17, não têm principal graduação do judô por razões distintas
Há dez anos no atual status, paulista dos 90 kg conta que não tem condições de pagar o exame; carioca dos 73 kg dá prioridade a vestibular
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A UBERLÂNDIA
A seletiva olímpica de judô
coroou dois competidores que
ainda não têm a faixa preta.
O paulista Eduardo Santos e
o carioca Victor Penalber, ambos da faixa marrom, eliminaram anteontem rivais mais graduados, respectivamente, nos
90 kg e nos 73 kg.
As razões para não exibirem
o sinal cromático de que dominam as 67 técnicas de luta em
pé e as 29 de solo exigidas para
a faixa preta são distintas.
"Hoje está muito difícil tirar
a preta em São Paulo, por causa
de uma taxa de cerca de R$
1.500. Meu problema não é falta de técnica, mas falta de condição", contou Santos, há uma
década na faixa marrom.
Com 16 anos de modalidade,
o judoca do São Caetano diz
que, como não pretende ainda
dar aulas de judô, mas apenas
competir, "a preta não é uma
necessidade atualmente".
Já Penalber, a rigor, não exibe ainda a faixa por falta de
tempo. "Só não fiz ainda o curso para tirar a preta porque,
neste ano, além das competições, tive que me dedicar ao
vestibular. No ano que vem
pretendo fazer o exame para
mudar a faixa", afirmou o judoca de 17 anos, o mais novo a sobreviver no processo de seleção
da equipe para Pequim.
O atleta da Gama Filho, há
três anos como faixa marrom,
mostrou que não foi em vão sua
opção por privilegiar os livros
neste ano. "Passei em segundo
lugar no vestibular para educação física", disse Penalber.
Os dois se credenciaram para
tentar a Olimpíada apenas por
meio de competições nacionais
neste ano. "Não fui para os torneios internacionais, mas, no
Brasil, vim ganhando tudo: o
Regional, o Paulista, o Brasileiro e as duas seletivas pré-olímpicas. Foi um ano muito bom
para mim", afirmou Santos,
que bateu Hugo Pessanha duas
vezes em Uberlândia.
O fato de o rival ter superado,
há uma semana, o forte japonês
Hiroshi Izumi em evento promocional na China é visto como bom presságio por Santos,
cujo irmão, Walter, o "Waltinho", de 132 kg, também venceu a seletiva, no peso pesado.
"A vitória do Hugo em cima
do japonês mostra que qualquer um de nós pode chegar à
Olimpíada e brigar pelo pódio."
Sua categoria, o peso médio
(90 kg), é a única em que continuam na disputa os dois adversários de MG. Estava prevista
disputa entre três judocas, por
duas vagas. Mas Carlos Honorato, o terceiro nome, acometido de uma virose, não lutou.
Colega de Santos no clube, o
vice-campeão olímpico em
Sydney -que encerrou seu ciclo na seleção- ajudou a financiar uma cirurgia no polegar de
um dos pés do judoca que agora
pretende herdar seu posto como titular olímpico.
Penalber, que entrou no processo seletivo para Pequim graças ao título brasileiro júnior,
disputou eventos de menos
destaque na cena esportiva no
ano, como as Olimpíadas Escolares, em João Pessoa.
Depois, foi beneficiado pela
vaga aberta por Leandro Guilheiro, bronze em Atenas, no
grupo que foi à China e já conheceu o palco olímpico.
Em 2008, os faixas marrom e
outros vencedores anteontem
lutarão na Europa, bem como
os titulares da seleção. Quem
for melhor, vai a Pequim.
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