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FUTEBOL
Ditadura dos nomes próprios reduz o humor nos apelidos dos jogadores
Geração de "Diegos" renega
tradição de nomes curiosos
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cena 1: bola com Ventilador,
que lança para Motor, que cruza
para Bimbinha, que ajeita para
Turista marcar um golaço.
Cena 2: Leonardo domina, toca
para Anderson, que rola para
Bruno, que ajeita para Fabiano
entrar na meta com bola e tudo.
Essas duas jogadas, se os envolvidos defendessem o mesmo time, poderiam perfeitamente
acontecer em uma partida válida
pelo Campeonato Brasileiro.
Só que a primeira é de uma época em que o futebol no país tinha
um humor que hoje deu lugar à
"ditadura" dos nomes da moda.
Enquanto nos anos 70 um exército de apelidos folclóricos identificava os atletas, o século 21 começou com um batalhão de nomes
compostos e iguais.
Nada mais de gente como Bife,
Picolé e Petróleo. Agora, quando
qualquer jogador tem empresário
e assessor de imprensa, a maior
extravagância em termos de apelido é colocar ao lado do nome de
batismo a origem estadual.
Uma examinada na lista dos
atletas que disputaram a última
edição do Nacional mostra que os
tempos são outros.
A maioria esmagadora dos nomes mais comuns agora simplesmente eram ignorados em 1971,
quando o certame foi disputado
pela primeira vez.
No campeonato ganho pelo
Santos de Diego e que revelou o
goleiro Diego (Juventude), 13 atletas conhecidos no futebol como
Rodrigo entraram em campo. Em
1971, ninguém tinha esse nome ou
pelo menos o usava no gramado.
Situação parecida acontece com
outros nomes que invadiram o
Brasil nas últimas décadas, como
Leandro, Anderson e Fabiano.
Os nomes compostos também
estão na moda: Fábio Luciano,
Luis Fabiano etc.
Na seleção, ocorre algo similar.
Do time titular na conquista do
pentacampeonato na Coréia do
Sul e no Japão, só o lateral-direito
Cafu tinha na camisa um apelido,
não o nome ou o sobrenome.
Já no time campeão mundial
em 1958, na Suécia, cinco atletas
titulares, incluindo os principais
astros da equipe, eram conhecidos pelo apelido -Zito, Didi, Pelé, Garrincha e Vavá.
Entre os treinadores, que ganharam status nas últimas temporadas, apelido é um artigo ainda mais fora de moda.
Hoje não há ninguém como
Cento e Nove, sempre pronto a
assumir o Atlético-MG por curtos
períodos nas décadas de 70 e 80.
Agora, o máximo que as estrelas
da profissão fazem é usar um diminutivo (Geninho ou Candinho) ou a indicação de origem
(Renato Gaúcho).
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