São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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VÔLEI

Enquanto estrelas migram para a Itália, atletas sem chance no país tentam a sorte "pela porta dos fundos" da Europa

Brasil vê êxodo para Portugal e Espanha

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os jogadores consagrados rumam para a Itália em em busca de prestígio, um torneio conceituado e dólares, dezenas de brasileiros, sem chances de se projetarem no Brasil, seguem todos os anos para Portugal e Espanha em busca de destaque e, quem sabe, um passaporte para o melhor vôlei do mundo.
Dos 120 jogadores -68 homens e 52 mulheres- que pediram transferência para a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) neste ano e ficarão no exterior pelo menos até a próxima temporada, 68 deles -ou 57%- jogam no vôlei português ou no espanhol.
Entre os homens, 26 migraram neste ano para terras lusitanas. Na Espanha, estão 11 atletas.
A Itália, que possui um dos mais fortes campeonatos do mundo, foi o terceiro destino mais procurado, com dez jogadores.
Já o vôlei espanhol é o principal foco de atração de jogadoras brasileiras da modalidade. Neste ano, 16 pediram transferência para o país, contra 15 para Portugal. A Itália aparece na terceira posição, com seis atletas.
Na maioria das vezes, a opção de deixar o Brasil é impulsionada pela falta de perspectiva de destaque naquele que é considerado o segundo campeonato nacional mais disputado de todo o mundo -hoje, a Superliga fica atrás apenas do Campeonato Italiano em prestígio e equilíbrio.
Portugal e Espanha, embora tenham pouco gabarito no vôlei internacional -suas seleções não disputaram o Mundial feminino e terminaram em oitavo e 13º lugares, respectivamente, no masculino-, vêm atraindo mais estrangeiros nos últimos anos.
Além de contarem com jogadores que no Brasil não teriam vaga em grandes equipes, alguns clubes começaram a investir em contratações de "maior peso".
Fabiana Berto e Gisele, que já passaram pela seleção e estavam no time de Campos na última temporada, têm regalias em Burgos (ESP). Além de morarem em um apartamento maior do que a maioria das atletas, usam carro do clube. "Eu tinha vontade de morar fora, mas não viver novamente em um esquema como quando eu era juvenil", declarou Gisele.
Segundo a levantadora, o nível do campeonato local é mais forte do que elas imaginavam.
"Pelo menos cinco equipes [de 14] jogam de igual para igual. Isso me surpreendeu. Não descarto a possibilidade de jogar no Italiano, que tem um status grande, mas não trocaria a certeza da Espanha por uma incerteza na Itália."
Mas o status dos torneios italianos atrai outros brasileiros, que vislumbram a oportunidade de entrar no melhor campeonato do mundo pela "porta dos fundos".
"O nível [em Portugal] não é tão forte. Eles têm interesse em brasileiros exatamente para terem jogadores mais fortes", disse Francine, que neste ano deixou o modesto time de São José dos Campos para jogar no Boavista.
"Para mim, a vontade sempre foi jogar na Itália. É uma oportunidade, estarei mais perto do país, jogarei em campeonatos europeus...", completou ela.
A jogadora foi para Portugal com o namorado e com Caroline Rodrigues, sua companheira de time. Os três dividem um apartamento cedido pelo clube.


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