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VÔLEI
Enquanto estrelas migram para a Itália, atletas sem chance no país tentam a sorte "pela porta dos fundos" da Europa
Brasil vê êxodo para Portugal e Espanha
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto os jogadores consagrados rumam para a Itália em
em busca de prestígio, um torneio
conceituado e dólares, dezenas de
brasileiros, sem chances de se
projetarem no Brasil, seguem todos os anos para Portugal e Espanha em busca de destaque e,
quem sabe, um passaporte para o
melhor vôlei do mundo.
Dos 120 jogadores -68 homens
e 52 mulheres- que pediram
transferência para a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) neste
ano e ficarão no exterior pelo menos até a próxima temporada, 68
deles -ou 57%- jogam no vôlei
português ou no espanhol.
Entre os homens, 26 migraram
neste ano para terras lusitanas. Na
Espanha, estão 11 atletas.
A Itália, que possui um dos mais
fortes campeonatos do mundo,
foi o terceiro destino mais procurado, com dez jogadores.
Já o vôlei espanhol é o principal
foco de atração de jogadoras brasileiras da modalidade. Neste ano,
16 pediram transferência para o
país, contra 15 para Portugal. A
Itália aparece na terceira posição,
com seis atletas.
Na maioria das vezes, a opção
de deixar o Brasil é impulsionada
pela falta de perspectiva de destaque naquele que é considerado o
segundo campeonato nacional
mais disputado de todo o mundo
-hoje, a Superliga fica atrás apenas do Campeonato Italiano em
prestígio e equilíbrio.
Portugal e Espanha, embora tenham pouco gabarito no vôlei internacional -suas seleções não
disputaram o Mundial feminino e
terminaram em oitavo e 13º lugares, respectivamente, no masculino-, vêm atraindo mais estrangeiros nos últimos anos.
Além de contarem com jogadores que no Brasil não teriam vaga
em grandes equipes, alguns clubes começaram a investir em contratações de "maior peso".
Fabiana Berto e Gisele, que já
passaram pela seleção e estavam
no time de Campos na última
temporada, têm regalias em Burgos (ESP). Além de morarem em
um apartamento maior do que a
maioria das atletas, usam carro do
clube. "Eu tinha vontade de morar fora, mas não viver novamente em um esquema como quando
eu era juvenil", declarou Gisele.
Segundo a levantadora, o nível
do campeonato local é mais forte
do que elas imaginavam.
"Pelo menos cinco equipes [de
14] jogam de igual para igual. Isso
me surpreendeu. Não descarto a
possibilidade de jogar no Italiano,
que tem um status grande, mas
não trocaria a certeza da Espanha
por uma incerteza na Itália."
Mas o status dos torneios italianos atrai outros brasileiros, que
vislumbram a oportunidade de
entrar no melhor campeonato do
mundo pela "porta dos fundos".
"O nível [em Portugal] não é tão
forte. Eles têm interesse em brasileiros exatamente para terem jogadores mais fortes", disse Francine, que neste ano deixou o modesto time de São José dos Campos para jogar no Boavista.
"Para mim, a vontade sempre
foi jogar na Itália. É uma oportunidade, estarei mais perto do país,
jogarei em campeonatos europeus...", completou ela.
A jogadora foi para Portugal
com o namorado e com Caroline
Rodrigues, sua companheira de
time. Os três dividem um apartamento cedido pelo clube.
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