EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O São Paulo promete apresentar seis reforços em janeiro para seus torcedores, mas alguns deles ainda enfrentam na Justiça a ira de seus ex-clubes, que tentam impedir as transferências.
Estão nessa situação três jogadores: o lateral-direito Cicinho, o zagueiro Rodrigo e o atacante Grafite. O meia Danilo também pode enfrentar problemas.
Enquanto o São Paulo desdenha das ofensivas jurídicas dos rivais para tentar melar as negociações já concluídas, as equipes vítimas de deserções de atletas utilizam o recurso com o objetivo de lucrar com as saídas dos rebelados.
O lateral-direito Cicinho, que na semana passada se desvinculou do Atlético-MG e acertou sua ida para o Morumbi, é o caso mais emblemático. Hoje, o clube mineiro terá resposta ao pedido de mandado de segurança na 17ª Vara Trabalhista de Belo Horizonte.
Se obtiver sucesso na Justiça, o Atlético terá direito a R$ 6 milhões pela saída do atleta.
A briga entre Cicinho e o clube mineiro começou no mês passado, quando ele entrou com ação trabalhista cobrando salários atrasados do Atlético.
Pelo mesmo motivo, o zagueiro Rodrigo conseguiu na Justiça seus direitos federativos, que pertenciam à Ponte Preta.
O clube de Campinas, que teve outras 21 deserções de jogadores por essa razão, promete recorrer para não sair de mãos vazias.
O Grêmio tenta fazer o mesmo com Grafite. Na semana passada, os advogados do clube gaúcho encaminharam pedido à CBF para que não aceite o registro do jogador pelo São Paulo.
Os gremistas alegam que o atacante tem contrato com o clube até o final de 2004 e, por isso, não poderia jogar em outra equipe.
O caso do jogador, porém, é complicado. Grafite deixou o Grêmio no ano passado e se transferiu para o Santa Cruz. Sem receber salários no clube pernambucano, ele foi para a Coréia do Sul. Nesse período, conseguiu na Justiça seus direitos federativos e acertou com o Goiás, clube em que atuou no último Brasileiro.
Várias equipes, entre elas o próprio Grêmio, criaram um imbróglio jurídico em torno da situação do atleta. O Goiás, inclusive, esteve ameaçado de perder pontos durante o Nacional sob a alegação de que o atacante estaria inscrito irregularmente no torneio.
No entanto a Justiça foi favorável a Grafite, que continua amparado por liminar que lhe dá o direito de atuar onde bem entender.
O meia Danilo também pode se envolver numa confusão jurídica. O Goiás exige dinheiro para liberá-lo e ameaça ir à Justiça caso o atleta se apresente ao São Paulo.
"O clube perdedor tem o direito de espernear à vontade. Afinal, os dirigentes tem de dar satisfação a seus torcedores", afirma, sem preocupação, o diretor de futebol são-paulino, Juvenal Juvêncio.


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