São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 2004

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FUTEBOL

Trapalhadas fazem cartolas paulistas protagonizar episódios esdrúxulos

Gafes, mentiras e pérolas dominam verbo em 2004

EDUARDO ARRUDA
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

A trajetória dos clubes paulistas em 2004 pode ser contada pelas pérolas ditas por seus dirigentes e trapalhadas feitas por eles. Mentiras, gafes e erros de português florearam esse universo.
Os corintianos estão entre os que mais contribuíram para o repertório de frases e ações infelizes.
Logo no começo do ano, o ex-jogador Rivellino, então diretor técnico da equipe, fez publicamente uma avaliação que mais tarde viraria motivo de chacota.
"Contratar o Washington? Você quer me f... Ele está com problema no coração," disse.
O Atlético-PR apostou na recuperação do jogador, que virou o recordista de gols (34) numa só edição do Brasileiro.
Outra contratação fez também um dirigente do clube tropeçar nas palavras. O diretor de futebol Paulo Angioni, que chegou após a saída de Rivellino, revelou a trapalhada. Mas manteve o nome do colega em segredo ao ter de responder sobre a possibilidade de trazer o meia Cadu.
"Não tem Cadu nenhum. Uma pessoa aqui do clube soube que eu estava interessado no argentino Coudet. Foi passar a informação para algum jornalista, mas pelo jeito não entendeu direito o nome. O Coudet virou Cadu."
Angioni também protagonizou uma trapalhada. Após o clube perder o mando de um jogo no Pacaembu, Cléber Xavier, auxiliar de Tite, foi ao interior paulista para analisar três possíveis locais para a partida com o Flamengo.
Voltou com um veredicto bem claro: só o estádio de Limeira não tinha um gramado em boas condições. Foi justamente esse o campo escolhido pela diretoria.
A cereja no bolo foi colocada pelo presidente do Conselho Deliberativo, José de Castro Bigi. A gafe foi na reunião para a aprovação da parceria com a MSI, principal assunto no clube neste ano.
"A parceria está aprovada, e a sessão, encerrada", disse ele ao terminar o encontro erroneamente. Na verdade, tinha sido definido apenas a o sistema de votação. A oposição se retirou do local e entrou com ações na Justiça. Semanas depois, houve novo pleito.
A morte do zagueiro Serginho, que marcou o Nacional, também foi carimbada por uma frase desastrosa de um cartola. "O Serginho não tem problema nenhum no coração", disse o presidente do São Caetano, Nairo Ferreira de Souza. No dia seguinte, voltou atrás e confirmou a versão de que o atleta tinha sim um problema, mas que não era grave.
No Palmeiras, Mustafá Contursi irritou atletas e torcedores com uma série de ações. Com o clube ainda na briga pelo título, demitiu o preparador físico Walmir Cruz, além do assessor de imprensa, deixando o treinador Estevam Soares acumular esta função.
Mais tarde, demitiu o atacante Renaldo, que junto com jogadores de outros times brigava por férias de 30 dias. "Ele não queria férias? Então demos para ele."
No São Paulo, o deslize maior foi provocado pelo vice-presidente de futebol, Juvenal Juvêncio, ao justificar a contratação do atacante venezuelano Rondón.
"Se pudesse contrataria quatro como ele", disse Juvêncio, sobre o atleta que não marcou nenhum gol nos quase seis meses de clube.
O jogador, agora, deve retornar ao Deportivo Táchira. O dirigente são-paulino também passou meses dizendo que Luis Fabiano, a principal estrela do clube, não seria negociado.
"Conversei com o Luis e ele quer ficar no São Paulo. Ele já passou dificuldades na Europa e não tem o desejo de sair que o Kaká tinha", falou, dias antes de vendê-lo para o Porto. O motivo? "Ele forçou a saída. Não adianta mantermos um atleta insatisfeito."


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