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Paulista chega à liderança pelas ruínas da Parmalat
Marcelo Langue/"Jornal de Jundiaí'
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O ex-goleiro Zetti, que comanda o Paulista, melhor time do Estadual de São Paulo, corre durante treinamento em Jundiaí |
Seis dos 11 titulares da equipe de Jundiaí, sensação do Estadual, saíram das categorias de base, turbinadas nos quatro anos em que a empresa italiana dirigiu o clube
DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS
PAULO COBOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat gerou escândalos,
dívidas, quebradeira e várias histórias mal contadas. Mas a empresa italiana também tem grande parte do mérito na maior sensação do Campeonato Paulista.
Líder do Grupo 2, na frente dos
poderosos Santos, Palmeiras e
São Caetano, o Paulista de Jundiaí
brilha com um time montado
graças ao modelo construído no
clube nos quatro anos em que a
Parmalat foi sua dona.
Ao contrário do que fez no Palmeiras, onde enterrou milhões de
dólares basicamente na contratação de medalhões, a Parmalat
apostou nas categorias de base em
Jundiaí (a 60 km de São Paulo).
O fruto dessa política aparece
agora, menos de dois anos depois
que os italianos desembarcaram
do Paulista, que tinha o nome de
Etti quando era administrado pela concordatária empresa.
Dos 11 titulares do time treinado
por Zetti, seis foram formados no
próprio clube -o goleiro Rafael,
o zagueiro Asprilla e o atacante
João Paulo, um dos artilheiros da
equipe, são alguns deles. No elenco de 28 jogadores, 16 começaram
em Jundiaí, sendo que a maior
parte deles deu os primeiros passos no futebol na gestão Parmalat.
"A idéia de não montar um time
de aluguel me animou bastante",
declara Zetti, lembrando a situação de quase todos os times pequenos e até alguns grandes, que
montam elencos para um só torneio, com contratos curtos.
O desempenho dos jogadores
revelados em Jundiaí pode fazer
com que a experiência da Parmalat na cidade não tenha sido um
fiasco financeiro total.
Em 1998, a empresa pagou R$
2,5 milhões para ficar com o controle da equipe, então nas mãos
de uma outra empresa, a Lousano. Inicialmente, a idéia dos italianos era ficar no clube por 30 anos.
Mas desentendimentos com os
cartolas locais e a decadência financeira do grupo fizeram com
que o trato fosse desfeito em 2002.
Para recuperar o controle do futebol, o Paulista pagou irrisórios
R$ 100. Assim, a única chance da
Parmalat recuperar o dinheiro investido está na negociação de jogadores -quase todos os revelados no clube anda têm 50% de
seus direitos presos à empresa.
A Parmalat chegou a gastar R$
1,2 milhão por temporada nas categorias de base. Contratou gente
famosa, como a psicóloga Regina
Brandão, que trabalhou com Luiz
Felipe Scolari na Copa-2002.
A empresa trouxe treinadores e
preparadores físicos, investiu em
médicos, dentistas e usou um sistema em que o valor dos salários
dos jogadores da base era calculado também pelo desempenho nos
bancos escolares.
"Isso é fruto de um trabalho que
já vinha sendo feito há tempos
atrás", afirma Zetti, reconhecendo a importância da Parmalat no
grupo que comanda hoje.
Apesar da conturbada saída da
empresa do clube, a diretoria do
Paulista também admite os benefícios da gestão Parmalat.
"Em 2001, conseguimos acesso
para a A-1 do Paulista. No mesmo
ano, chegamos na Série B do Brasileiro. Sem contar que nesse período de quatro anos o Paulista foi
campeão paulista infantil e juvenil e cumpriu uma das metas
prioritárias, que era investir nas
categorias de base", diz Eduardo
Palhares, presidente do Paulista.
Hoje, a equipe ainda se aproveita da remodelação do estádio Jaime Cintra, também bancada pela
companhia italiana.
Para o futuro, o Paulista aposta
em uma nova parceria. Um projeto que vem sendo estudado e deve
ter novidades dentro de 40 dias é
uma parceria com o PSV, clube da
Holanda. "Não dá para adiantar
nada ainda, mas estamos mantendo um contato. Existe o interesse deles de investir no Brasil, e
vamos seguir conversando", afirmou Palhares, que diz que o clube
custa R$ 180 mil mensais.
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