São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Esquadrões e lições

ROBERTO AVALLONE
ESPECIAL PARA A FOLHA

E vem aí um esquadrão, um SuperCorinthians, tantos são os craques já contratados e outros já apalavrados -como, por exemplo, esse notável Mascherano, autor de um golaço pelo River Plate no meio da semana. Está tudo resolvido, então?
Não, ainda não: antes, é preciso paciência de artesão, pois os exemplos passados e recentes nos ensinam que nem sempre é suficiente reunir astros milionários para termos uma grande equipe.
Vejam os amigos o Real Madrid que, antes de Vanderlei Luxemburgo, estava virando um saco de pancadas com todos os seus Zidane, Figo, Ronaldo "Fenômeno" e quetais. E que agora, com todo o portunhol de Luxa, é o time que vi vencer a Juventus de Turim pela Copa dos Campeões: foi apenas por 1 a 0, pena, quando merecia golear e garantir a classificação.
O que terá mudado tanto?
Disciplina e estratégia, para começar, com a entrada do dinamarquês Gravesen a proteger os zagueiros, órfãos desde a saída de Makelele. Sob o comando de Luxemburgo, o preparador físico Antonio Mello devolveu a Zidane o vigor que o possibilita voltar a ser o Maestro.
Como ele jogou diante de "La Vecchia Signora"!
E com Luxembugo não tem conversa: Ronaldo, que chegara atrasado duas vezes na semana, depois do casamento com a linda Daniella, até que começou o jogo bem. Depois, ah, depois parecia mortinho em campo e nem teve forças -ou razões- para reclamar quando foi substituído aos 30min do segundo tempo.
Enfim, são muitos os segredos da formação de esquadrões.
Sempre, porém, com explicações, pois nenhum deles aconteceu por acaso -nem mesmo o fantástico Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Esta maravilha, antes de dominar o mundo com garotos criados na Vila ou trazidos quando ainda eram promessas, teve a liderança de Zito e a experiência de Jair Rosa Pinto para conquistar o bicampeonato paulista (em 55 e 56) antes de Rei Pelé.
Assim, o corintiano que já passou dos 30 anos e que teve frustrada a expectativa daquela SeleCorinthians (Carlos, Hugo De Leon, Serginho Chulapa e tantos outros), que seja paciente: o tempo e o trabalho podem ser capazes de consumar a obra de arte.

Tostão e lição
E, chegado o momento de devolver a bola a Tostão, legítimo dono deste espaço, aproveito para dizer aos mais jovens de que se trata de um dos mais inteligentes jogadores que já entrevistei. Tostão e Sócrates, creio, lideram este ranking dos boleiros.
E volto agora a ser leitor de Tusta, aquele que dá lições de quem já viveu as aventuras dos campos -privilégio que este jornalista, por exemplo, só teve em campos de terra batida da Casa Verde e no amado Juventus da Vila Cachoeirinha, zona norte da cidade de São Paulo.

Valeu!
Aproveito, antes das lições de Tostão, para testemunhar que fui alvo de uma agradável surpresa ao escrever oito colunas para esta Folha: comoveram-me a cordialidade e a competência dos rapazes do Esporte, sempre respeitando o que foi escrito, garantindo a liberdade de expressão e tendo a necessária paciência com este jornalista que ainda apanha do computador e sente falta da velha Olivetti de teclas pretas. A todos e também aos leitores, o meu muito obrigado! (Nestes tempos de guerra urbana, onde cada farol é um convite a um assalto, dizer não à violência nunca é demais e talvez, como dizia uma amiga dos tempos de Gazeta, fazer do limão uma limonada. E que seja bem gelada e com muita luz para todos nós.)


Roberto Avallone é apresentador do programa "Bola na Rede", na Rede TV!
E-mail: avallone@avallonecomunicacoes.com.br


Texto Anterior: Atletismo: Vanderlei Cordeiro viaja hoje para Japão
Próximo Texto: Futebol: O colunista Tostão está em férias
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.