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FUTEBOL
Esquadrões e lições
ROBERTO AVALLONE
ESPECIAL PARA A FOLHA
E vem aí um esquadrão, um
SuperCorinthians, tantos são
os craques já contratados e outros
já apalavrados -como, por
exemplo, esse notável Mascherano, autor de um golaço pelo River
Plate no meio da semana. Está
tudo resolvido, então?
Não, ainda não: antes, é preciso
paciência de artesão, pois os
exemplos passados e recentes nos
ensinam que nem sempre é suficiente reunir astros milionários
para termos uma grande equipe.
Vejam os amigos o Real Madrid
que, antes de Vanderlei Luxemburgo, estava virando um saco de
pancadas com todos os seus Zidane, Figo, Ronaldo "Fenômeno" e
quetais. E que agora, com todo o
portunhol de Luxa, é o time que vi
vencer a Juventus de Turim pela
Copa dos Campeões: foi apenas
por 1 a 0, pena, quando merecia
golear e garantir a classificação.
O que terá mudado tanto?
Disciplina e estratégia, para começar, com a entrada do dinamarquês Gravesen a proteger os
zagueiros, órfãos desde a saída de
Makelele. Sob o comando de Luxemburgo, o preparador físico
Antonio Mello devolveu a Zidane
o vigor que o possibilita voltar a
ser o Maestro.
Como ele jogou diante de "La
Vecchia Signora"!
E com Luxembugo não tem
conversa: Ronaldo, que chegara
atrasado duas vezes na semana,
depois do casamento com a linda
Daniella, até que começou o jogo
bem. Depois, ah, depois parecia
mortinho em campo e nem teve
forças -ou razões- para reclamar quando foi substituído aos
30min do segundo tempo.
Enfim, são muitos os segredos
da formação de esquadrões.
Sempre, porém, com explicações, pois nenhum deles aconteceu por acaso -nem mesmo o
fantástico Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Esta maravilha, antes de dominar o mundo com garotos criados
na Vila ou trazidos quando ainda
eram promessas, teve a liderança
de Zito e a experiência de Jair Rosa Pinto para conquistar o bicampeonato paulista (em 55 e 56) antes de Rei Pelé.
Assim, o corintiano que já passou dos 30 anos e que teve frustrada a expectativa daquela SeleCorinthians (Carlos, Hugo De Leon,
Serginho Chulapa e tantos outros), que seja paciente: o tempo e
o trabalho podem ser capazes de
consumar a obra de arte.
Tostão e lição
E, chegado o momento de devolver a bola a Tostão, legítimo dono
deste espaço, aproveito para dizer
aos mais jovens de que se trata de
um dos mais inteligentes jogadores que já entrevistei. Tostão e Sócrates, creio, lideram este ranking
dos boleiros.
E volto agora a ser leitor de Tusta, aquele que dá lições de quem
já viveu as aventuras dos campos
-privilégio que este jornalista,
por exemplo, só teve em campos
de terra batida da Casa Verde e
no amado Juventus da Vila Cachoeirinha, zona norte da cidade
de São Paulo.
Valeu!
Aproveito, antes das lições de
Tostão, para testemunhar que
fui alvo de uma agradável surpresa ao escrever oito colunas
para esta Folha: comoveram-me a cordialidade e a competência dos rapazes do Esporte,
sempre respeitando o que foi
escrito, garantindo a liberdade
de expressão e tendo a necessária paciência com este jornalista que ainda apanha do computador e sente falta da velha Olivetti de teclas pretas. A todos e
também aos leitores, o meu
muito obrigado! (Nestes tempos de guerra urbana, onde cada farol é um convite a um assalto, dizer não à violência nunca é demais e talvez, como dizia
uma amiga dos tempos de Gazeta, fazer do limão uma limonada. E que seja bem gelada e
com muita luz para todos nós.)
Roberto Avallone é apresentador do
programa "Bola na Rede", na Rede TV!
E-mail: avallone@avallonecomunicacoes.com.br
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