São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

disponível

Crise "limpa" a camisa de clubes da elite

Dos 20 times da Série A do Brasileiro, seis seguem sem patrocínio principal, contra só um no mesmo período de 2008

Dirigentes dizem que caos financeiro faz empresas reduzirem investimentos no futebol e que não vão aceitar propostas ruins

EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é mais por motivos sazonais que 6 dos 20 clubes que formam hoje a divisão de elite do Brasileiro seguem sem patrocínio principal de camisa.
No lugar da entressafra de uma temporada para outra, e a consequente negociação de contratos, o que quase sempre acaba no final de janeiro, a falta de propostas ou valores baixos deixa quase um terço dos times da primeira divisão com suas camisas limpas na área nobre para a propaganda no futebol.
No final de fevereiro de 2008, só um time que então era da Série A do Brasileiro, o Coritiba, não tinha contrato de publicidade principal para sua camisa.
Ao lado do Corinthians, que mesmo com o astro Ronaldo segue sem patrocínio, estão clubes de quatro Estados e três regiões do país diferentes -Atlético-MG, Atlético-PR, Cruzeiro, Náutico e Vitória.
Dirigentes desses clubes admitem que a crise mundial conspira contra eles.
"É um momento de crise, e não se sabe como a crise vai ficar. Então, patrocínios ao futebol são cancelados ou deixados para serem definidos mais para a frente", diz Mauro Holzmann, da Comissão de Marketing do C13 e que também negocia patrocínios para o Atlético-PR. Ele admite que fazer propaganda em um time de futebol não é prioridade para as empresas em tempo de crise.
"O patrocínio a clubes de futebol é um investimento opcional, não obrigatório. As empresas estão preferindo fazer a exposição de suas marcas pela mídia e por ações tradicionais."
"Com essa questão da crise, as cotas de mídia estão congeladas, neste ano está tudo enxugado", lamenta Marcelo Furtado, superintendente de marketing do Náutico, clube que ainda padece por ser de um mercado publicitário modesto.
"Nosso clube é de abrangência local, em Pernambuco. Nesse caso, teoricamente, é mais fácil para clubes grandes [de São Paulo e Rio] conseguir patrocinador", afirma Furtado.
Os clubes que prosseguem com a camisa vazia dizem que não vão seguir adversários que renovaram contratos por valores considerados baixos.
"Não vamos assinar por um valor abaixo do que a marca Atlético-MG vale. A marca tem seu valor, e isso precisa ser preservado", diz Alexandre Kalil, o presidente do clube mineiro.
"A tática é rever valores, até para não se frustrar, mas dentro do que o clube vale. Não vamos morrer se ficarmos alguns meses sem patrocínio", fala Holzmann, o representante do Atlético-PR, que também não conseguiu nova empresa para dar o nome ao estádio, como aconteceu com a Kyocera até o ano passado. Sem patrocínios e perspectiva da venda de jogadores, o clube pode ter até um déficit de R$ 25 milhões no ano.
No Corinthians, a situação não é nada tranquila, pois o clube já chegou a atrasar direitos de imagem dos jogadores.
A diretoria alega que a falta de patrocínio foi o motivo disso. Mesmo com a crise, o time do Parque São Jorge diz querer receber mais do que em contratos anteriores, o que nem o São Paulo, o clube mais vitorioso do país nos últimos tempos, conseguiu na renovação com a LG.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.