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Crise "limpa" a camisa de clubes da elite
Dos 20 times da Série A do Brasileiro, seis seguem sem patrocínio principal, contra só um no mesmo período de 2008
Dirigentes dizem que caos
financeiro faz empresas
reduzirem investimentos
no
futebol e que não vão
aceitar propostas ruins
EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é mais por motivos sazonais que 6 dos 20 clubes que
formam hoje a divisão de elite
do Brasileiro seguem sem patrocínio principal de camisa.
No lugar da entressafra de
uma temporada para outra, e a
consequente negociação de
contratos, o que quase sempre
acaba no final de janeiro, a falta
de propostas ou valores baixos
deixa quase um terço dos times
da primeira divisão com suas
camisas limpas na área nobre
para a propaganda no futebol.
No final de fevereiro de 2008,
só um time que então era da Série A do Brasileiro, o Coritiba,
não tinha contrato de publicidade principal para sua camisa.
Ao lado do Corinthians, que
mesmo com o astro Ronaldo
segue sem patrocínio, estão
clubes de quatro Estados e três
regiões do país diferentes
-Atlético-MG, Atlético-PR,
Cruzeiro, Náutico e Vitória.
Dirigentes desses clubes admitem que a crise mundial
conspira contra eles.
"É um momento de crise, e
não se sabe como a crise vai ficar. Então, patrocínios ao futebol são cancelados ou deixados
para serem definidos mais para
a frente", diz Mauro Holzmann, da Comissão de Marketing do C13 e que também negocia patrocínios para o Atlético-PR. Ele admite que fazer
propaganda em um time de futebol não é prioridade para as
empresas em tempo de crise.
"O patrocínio a clubes de futebol é um investimento opcional, não obrigatório. As empresas estão preferindo fazer a exposição de suas marcas pela mídia e por ações tradicionais."
"Com essa questão da crise,
as cotas de mídia estão congeladas, neste ano está tudo enxugado", lamenta Marcelo Furtado, superintendente de marketing do Náutico, clube que ainda padece por ser de um mercado publicitário modesto.
"Nosso clube é de abrangência local, em Pernambuco. Nesse caso, teoricamente, é mais
fácil para clubes grandes [de
São Paulo e Rio] conseguir patrocinador", afirma Furtado.
Os clubes que prosseguem
com a camisa vazia dizem que
não vão seguir adversários que
renovaram contratos por valores considerados baixos.
"Não vamos assinar por um
valor abaixo do que a marca
Atlético-MG vale. A marca tem
seu valor, e isso precisa ser preservado", diz Alexandre Kalil, o
presidente do clube mineiro.
"A tática é rever valores, até
para não se frustrar, mas dentro do que o clube vale. Não vamos morrer se ficarmos alguns
meses sem patrocínio", fala
Holzmann, o representante do
Atlético-PR, que também não
conseguiu nova empresa para
dar o nome ao estádio, como
aconteceu com a Kyocera até o
ano passado. Sem patrocínios e
perspectiva da venda de jogadores, o clube pode ter até um
déficit de R$ 25 milhões no ano.
No Corinthians, a situação
não é nada tranquila, pois o clube já chegou a atrasar direitos
de imagem dos jogadores.
A diretoria alega que a falta
de patrocínio foi o motivo disso. Mesmo com a crise, o time
do Parque São Jorge diz querer
receber mais do que em contratos anteriores, o que nem o São
Paulo, o clube mais vitorioso do
país nos últimos tempos, conseguiu na renovação com a LG.
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