São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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Mundial terá 98,5% de dinheiro público

COPA-14 Relatório do TCU mostra que setor privado só banca R$ 336 milhões dos R$ 23 bilhões em obras

SÉRGIO RANGEL
DO RIO

A Copa do Mundo da iniciativa privada ruiu. Um estudo do TCU (Tribunal de Contas da União) mostra que sairão dos cofres públicos 98,56% dos R$ 23 bilhões orçados para as obras de 2014.
Isso menos de dois anos após o presidente do COL (Comitê Organizador Local), Ricardo Teixeira, declarar que a maioria dos gastos do próximo Mundial seria bancada com dinheiro privado.
A maior parte das verbas virá dos bancos governamentais (Caixa Econômica Federal e BNDES) e da Infraero, estatal que administra os aeroportos do país. Juntas, as três empresas públicas investirão cerca de R$ 16,5 bilhões até a abertura da Copa.
Responsável por financiar as obras de mobilidade urbana nas 12 cidades-sedes, a Caixa irá repassar R$ 6,6 bilhões para os governos estaduais e municipais.
Já o BNDES investirá R$ 4,8 bilhões -R$ 1,2 bilhão em mobilidade urbana e R$ 3,6 bilhões para as arenas.
Segundo o estudo do TCU, a Infraero gastará cerca de R$ 5,1 bilhões para a reforma e a ampliação dos aeroportos.
O órgão federal não computou na conta os bilhões que os governos vão destinar para organizar o esquema de segurança do Mundial.
No trabalho realizado pelo TCU, a iniciativa privada aparece investindo apenas R$ 336 milhões, ou 1,44% dos R$ 23 bilhões do torneio. A verba não sairá de nenhuma empresa e virá dos cofres dos clubes que vão reformar ou construir estádios.
Internacional e Atlético- -PR já confirmaram que vão investir nos seus estádios para o Mundial. Segundo o órgão, os paranaenses vão gastar R$ 113 milhões na Arena da Baixada. Já os gaúchos destinarão R$ 133 milhões para reformar o Beira-Rio.
Em São Paulo, o Corinthians pretende construir uma arena em Itaquera.
O clube do Parque São Jorge ainda tenta viabilizar o novo estádio. Na conta do TCU, o Corinthians investirá R$ 90 milhões. A intenção da Fifa é realizar a abertura da Copa na arena de Itaquera.
A verba privada no Mundial é menos de 10% do que o BNDES vai usar para financiar os projetos das arenas.
Em 2007, quando o país ganhou o direito de abrigar a Copa pela segunda vez, a CBF, responsável pela candidatura brasileira na Fifa, estimou que o país gastaria pouco menos de R$ 2 bilhões com estádios. A conta atual já superou os R$ 5 bilhões.
A projeção de investimento dos brasileiros supera a cifra gasta pelos sul-africanos no Mundial-10. A África do Sul pagou R$ 3,9 bilhões para erguer dez estádios, dois a menos do que no Brasil.
Alguns dos projetos da África do Sul são arquitetonicamente mais ousados do que os brasileiros, como o do Soccer City, em Johannesburgo, além das arenas da Cidade do Cabo e de Durban.


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