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AUTOMOBILISMO
Para Mika Hakkinen, da McLaren, joelho do brasileiro pode ter desencaixado o volante antes da curva
Piloto lança nova hipótese no caso Senna
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
O piloto finlandês Mika Hakkinen, 28, da McLaren, sugeriu ontem uma nova hipótese para o acidente que resultou na morte do
brasileiro Ayrton Senna.
Senna morreu durante o GP de
San Marino de 1994, em Imola, ao
se chocar contra um muro após
``passar reto'' com seu Williams, a
mais de 200 km/h, na curva Tamburello.
Ao analisar as circunstâncias do
acidente, Hakkinen disse acreditar
que o volante possa ter se soltado e
saído nas mãos de Senna antes da
curva fatal.
``Era a primeira volta após a saída do pace car (carro que entra na
pista após um acidente). Senna era
o líder, estava atrás do pace car em
baixa velocidade, o que faz a pressão dos pneus cair. Nessa situação,
o carro fica mais próximo do solo,
e também o piloto.''
``Ao passar pelas ondulações da
pista'', acrescenta Hakkinen, ``os
joelhos tremem e podem tocar no
volante. Um toque acidental pode
desprender a direção do painel. Aí,
se perde o controle do carro. Isso
pode ter acontecido com Senna.''
Em um carro de F-1, o volante é
encaixado no painel após o piloto
sentar no cockpit. Para sair do carro, é preciso remover o volante.
Aconteceu comigo
Hakkinen dá sua opinião baseado em experiência própria.
O piloto disse que em 91, seu primeiro ano na F-1, a mesma coisa
aconteceu com ele durante o GP de
Phoenix (EUA). ``Em uma curva,
simplesmente o carro não virou.''
O acidente, porém, não foi grave.
Mas, mesmo que tenham acontecido falhas da equipe Williams
na montagem do carro ou na direção do autódromo de Imola em relação às condições do asfalto -como tenta provar um promotor italiano-, o piloto finlandês acha
que não se pode culpar alguém pela morte do brasileiro.
``Os pilotos sabem dos perigos e
têm a opção de entrar ou não na
pista. Todos sabem que o automobilismo é um esporte de risco.''
Refém
Hakkinen sabe muito bem disso,
pois, em novembro de 95, durante
treino para o GP da Austrália, em
Adelaide, sofreu um acidente que
quase o matou.
Antes de uma curva, a 200 km/h,
o pneu esquerdo traseiro estourou. O McLaren saiu da pista, capotou e bateu em um muro.
Hakkinen sofreu um traumatismo craniano e os médicos o deixaram em coma induzido, para evitar danos no cérebro. Passou duas
semanas em um hospital.
Na primeira corrida de 96, já estava de volta, como se fosse um refém das pistas.
``Lógico que me preocupo se
vou morrer, mas busco o prazer da
vitória'', disse o finlandês, que
nunca venceu uma corrida na F-1.
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