|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
longe de casa
Contra Gana, Brasil amplia seu exílio
Em Estocolmo, seleção disputa hoje sua 17ª partida longe do país, onde não atua desde 2005, por questões comerciais
Jogadores até sentem
saudades de atuar no Brasil,
mas gostam da comodidade
e do conforto de defender a
seleção em solo europeu
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A ESTOCOLMO
Os habitantes de Trosa (calcinha, em sueco), cidade a quase uma hora de carro de Estocolmo, tiveram ontem uma
oportunidade que os brasileiros não vão ter por dois anos.
Desde outubro de 2005,
quando pegou a Venezuela em
Belém, a seleção, que hoje faz
amistoso contra Gana, novamente em solo sueco, não joga
ou treina no país. Já são 17 partidas longe de casa. Pelo calendário, só deve voltar a fazer isso
em outubro, quando pega o
Equador pelas eliminatórias.
Computados apenas os jogos
com padrão Fifa, quase 80%
dos times nacionais reconhecidos pela entidade jogaram em
seus domínios desde que começou o exílio brasileiro.
Na lista de companheiros do
Brasil, a Argentina é a única
digna de nota, mas pelo menos
o time de Tevez fez parte da sua
preparação para a Copa-06 nos
arredores de Buenos Aires.
Os "exilados" são países onde
o futebol é inexpressivo, como
a Samoa Americana, ou envolvidos em conflitos, casos de
Afeganistão e Iraque -porém,
outros países em conflito, como Haiti e Líbano, até chegaram a jogar em seus territórios.
A distância do Brasil até chateia os jogadores, mas os que
atuam na Europa preferem celebrar as vantagens logísticas.
"De Milão até aqui [Suécia] são
apenas duas horas de vôo", afirma Kaká. "O desgaste de jogar
na Europa é muito menor",
pondera o capitão Lúcio, que
atua na Alemanha.
A não liberação dos atletas
pelos clubes europeus é uma
das explicações pelo tempo que
o Brasil não atua em casa.
Philippe Huber, o dono da
Kentaro, empresa que organiza
os amistosos da seleção, diz que
adoraria fazer um jogo no Brasil, mas que isso deve ser perguntado ao presidente da CBF.
Sem nada a ter com isso, os
habitantes de Trosa ganharam
um presente inesperado. O
treino de ontem estava marcado para o estádio Rassunda,
palco do jogo contra Gana. Mas
os organizadores disseram que
o gramado está com problemas
e seria melhor evitar um desgaste. De quebra, evitaram um
treino com muita gente e a possibilidade de novas invasões.
Na bucólica Trosa, os fãs ficaram separados da seleção por
uma cerca bem distante do gramado, que estava cheio de lama. "O campo estava bastante
pesado", reconheceu Dunga.
O cenário parecia tão amador
que um repórter sueco perguntou se o técnico não se sentia
como no começo da carreira,
no interior do Brasil. "A paixão
do futebol é igual em qualquer
lugar", foi a resposta.
Depois de mais uma excursão sueca, o Brasil disputará
dois novos amistosos na Europa em junho. Um provavelmente contra a Inglaterra no
novo Wembley. O outro pode
ser contra o México. Logo depois o time disputa a Copa
América da Venezuela. Antes
do retorno ao Brasil pelas eliminatórias, no Maracanã, a seleção deve jogar nos EUA, no
amistoso que a AmBev, patrocinadora da CBF, tem direito a
explorar a cada temporada.
NA TV - Brasil x Gana
Globo, ao vivo, às 14h30
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Camisas são tema de festa e de irritação Índice
|