São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Futebol da Líbia dribla a guerra

ÁFRICA
Treinador brasileiro prepara trabalho psicológico para reerguer a seleção do país


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mesmo com o país mergulhado numa guerra civil, a seleção de futebol da Líbia joga amanhã por uma vaga na Copa Africana de Nações-2012.
A partida será na capital de Mali, Bamako, a mais de 3.000 km de Trípoli, na Líbia, onde a seleção tradicionalmente manda seus jogos.
Alegando falta de segurança, a Confederação Africana de Futebol remarcou o jogo para Mali. Durante a semana, Trípoli foi alvo de ataques da coalizão internacional que tenta derrubar o regime do ditador Muammar Gaddafi. Também há confrontos entre partidários do ditador e rebeldes.
A oposição a Gaddafi estima que, desde o início dos conflitos, em fevereiro, já tenham morrido pelo menos 8.000 pessoas. O futebol ficou sem espaço no país.
"Teremos que fazer um trabalho psicológico grande nos atletas para que eles consigam superar o trauma e possam jogar", disse à Folha o brasileiro Marcos Paquetá, que desde o ano passado treina a seleção nacional.
Ex-técnico de seleções de base brasileiras, ele assinou um contrato de quatro anos para tentar levar a seleção líbia à sua primeira Copa do Mundo, em 2014, no Brasil. Também foi chamado para ministrar cursos aos treinadores do futebol local.
Nas eliminatórias para o principal torneio de seleções da África, os líbios são líderes do Grupo C, junto com Moçambique. Antes de os conflitos começarem, eles empataram sem gols com os moçambicanos, fora de casa, e venceram a Zâmbia em Trípoli.
Amanhã, a Líbia enfrentará a seleção de ilhas Comores (um arquipélago localizado no oceano Índico), lanterna do grupo e na 187ª posição do ranking Fifa. A Líbia é a 71ª.
Em caso de classificação, será a terceira vez na história que os líbios participarão do torneio continental africano.
Na seleção, há alguns jogadores de Benghazi, cidade onde se concentra a oposição a Gaddafi, que o ditador tenta sufocar militarmente.
Por segurança, a equipe não treinou na Líbia. Para se preparar para o jogo, atletas e comissão técnica se encontraram na Tunísia, de onde partiriam hoje para Mali.
Outro jogo das eliminatórias que mudou de lugar por conta de agitações políticas foi Costa do Marfim x Benin, que aconteceria em Abidjan, a maior cidade marfinense.
O país passa por uma escalada de violência desde que o presidente Laurent Gbagbo se recusou a reconhecer a derrota nas urnas para Alassane Ouattara. Partidários dos dois políticos protagonizam violentos confrontos no país. Ao menos 410 pessoas já morreram, diz a ONU.
A partida de hoje será em Gana. "Precisamos vencer para nos manter na liderança do grupo", disse Didier Drogba, atacante do Chelsea e capitão da seleção marfinense.


Texto Anterior: Estadual do Rio: Flu busca 1ª vitória em clássicos contra o Vasco
Próximo Texto: Euro-2012: Alemanha goleia com 2 de Klose
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.