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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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DOPING

Para Usoc, níveis encontrados nos exames de Lewis e DeLoach são normais; Iaaf diz que atletas foram injustiçados

EUA se mobilizam para abafar escândalo

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Comitê Olímpico dos EUA (Usoc) abriu campanha para abafar o maior escândalo de doping da história do país. E a Associação Internacional das Federações de Atletismo já dá sinais de que não deve criar grandes problemas.
Segundo denúncia de Wade Exum, diretor de controle de drogas da entidade de 1991 a 2000, Carl Lewis e outros atletas foram liberados para competir em Olimpíadas mesmo depois de serem pegos no exame antidoping.
De acordo com o dirigente, Lewis teve três testes positivos para efedrina, pseudoefedrina e fenilpropanolamina, estimulantes encontrados em medicamentos contra a gripe, poucas semanas antes dos Jogos de Seul, em 1988.
Após admitir o caso, o Usoc divulgou que os níveis encontrados nos exames de Lewis estavam dentro do limite permitido na época. Segundo a entidade, os testes tinham dado a proporção dos estimulantes em 2 ppm (partes por milhão), 4 ppm e 6 ppm.
A legislação seria mais branda que a prevista pelo atual Código Mundial Antidoping, aprovado informalmente no mês passado, em Copenhague (Dinamarca). Mas o argumento é frouxo.
"A legislação atual é que é mais permissiva. Os níveis que foram fixados em Copenhague são mais altos. Havia mais restrição naquela época", diz Jari Cardoso, coordenador do Ladetec, laboratório do Rio credenciado pelo COI para realizar exames antidoping.
Liberado para competir, Lewis conquistou dois ouros e uma prata em Seul. Nos 200 m, perdeu o ouro para seu compatriota Joseph DeLoach, que também fora pego para as mesmas drogas, só que em um nível de 7 ppm.
Depois das declarações do alemão Helmut Digel, um dos vice-presidentes da Iaaf, que defendeu uma punição a Lewis, a entidade aparentemente voltou atrás.
Segundo Nick Davies, diretor de comunicação da Iaaf, Lewis e DeLoach são inocentes. "Houve muitas críticas sem conhecimento da documentação. De acordo com as evidências, não houve um "caso" Carl Lewis. Pelas regras, não foi um caso positivo. Lewis e Joe DeLoach foram tratados com leviandade pelos meios de comunicação", disse o dirigente à Folha.


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