FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Kuerten estréia hoje em Roland Garros, por volta das 9h, contra o suíço Marc Rosset tentando recuperar seu prestígio.
Tricampeão, o brasileiro apresenta, entre os tenistas em atividade, o melhor aproveitamento (87,9%) no Grand Slam francês. Somente o hexacampeão Bjorn Borg conquistou mais títulos na Era Aberta (desde 1968).
Mesmo com todo esse currículo, a organização programou a estréia de Guga para a quadra 1.
A última vez que Kuerten havia atuado em Roland Garros em uma quadra diferente da Philippe Chatrier (central) e da Suzanne Lenglen, as duas mais nobres do complexo francês, havia sido na segunda rodada de 2000, contra o argentino Marcelo Charpentier.
O site oficial do torneio já apostou que o brasileiro tem poucas chances de triunfar por causa do desempenho abaixo do esperado na temporada européia de saibro.
Na preparação para o único Grand Slam na terra batida, Kuerten obteve quatro vitórias em oito jogos e não conseguiu chegar às quartas-de-final em nenhum dos três Masters Series (Montecarlo, Roma e Hamburgo) do período.
Foi a pior temporada européia de Guga, que já foi campeão dos três Masters Series, desde o seu primeiro título em Paris, em 1997.
Além disso, Wayne Ferreira, carrasco do brasileiro em Hamburgo, chegou a dizer que a direita de Guga já não é mais a mesma. O sul-africano havia perdido cinco dos seis confrontos anteriores, sendo que os últimos quatro sem vencer um set sequer.
A caminhada de Kuerten para tentar repetir as campanhas de 1997, 2000 e 2001 tem um início teoricamente tranquilo.
Marc Rosset, 32, seu adversário de hoje, já foi o nono no ranking de entradas, mas isso em 1995.
Atualmente é apenas o 108º, e grande parte de seu calendário é ocupado por torneios menores -neste ano disputou apenas dois de primeira linha da ATP.
Com 2,01 m, o suíço é um dos tenistas mais altos do circuito -Guga mede dez centímetros a menos- e aproveita sua estatura em sua principal arma: o saque.
"Ele gosta mesmo de sacar forte e sempre foge para pegar a bola de direita", disse o técnico de Kuerten, Larri Passos. "Ele vai tentar terminar os pontos em uma ou duas bolas. O Guga tem que defender bem quando precisar e atacar na hora certa."
Apesar de causar preocupação, o saque de Rosset não foi suficiente para derrotar o brasileiro na única vez em que se enfrentaram.
No Torneio de Lyon, em setembro passado, Kuerten venceu por 2 a 0 (7/6 e 7/6), mesmo no carpete, superfície em que o saque forte apresenta maior preponderância.