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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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FUTEBOL

Clubes da Série A arcam com custo de juízes e auxiliares; entidade diz que só tem que operacionalizar pagamentos

CBF não paga arbitragem e fere estatuto

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juízes que apitaram os jogos da Série A na rodada passada foram pagos pelos clubes, o que contraria o Estatuto do Torcedor.
Os da Série B não tiveram esse "privilégio". Trabalharam sem nada receber da CBF, que havia se disposto, antes mesmo da sanção do estatuto, a pagar todos os árbitros da segunda divisão.
A lei promulgada há dez dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e combatida por um motim dos clubes na semana passada delega à entidade de administração do desporto ou à liga organizadora do evento esportivo a responsabilidade da remuneração do árbitro e de seus auxiliares.
A lei ainda obriga que o pagamento da taxa seja efetuado antes das partidas, o que não aconteceu na décima rodada do Brasileiro.
O Corinthians, por exemplo, pagou R$ 6.310,72 por juiz, auxiliares, delegados e fiscais da partida contra o Juventude. O clube reclamou do delegado da Federação Paulista, que descontou do borderô o custo da arbitragem. "A taxa deveria sair do montante que já é pago para a CBF", disse o vice Antonio Roque Citadini. Mesmo assim, o corintiano não acredita que a entidade vá arcar com a despesa. "Vão criar mais uma taxa."
A CBF refuta a tese de que o pagamento do trio de arbitragem é seu dever. O departamento jurídico da entidade tem uma interpretação diferente do artigo 30, parágrafo único, do estatuto. Segundo o diretor do departamento técnico, Virgílio Elísio, a responsabilidade da CBF é apenas operacional, não financeira.
"Historicamente, o pagamento do juiz e de seus auxiliares é feito pelos clubes por meio das federações. O nosso departamento jurídico concluiu que temos responsabilidade operacional sobre o pagamento. Caso contrário, haveria uma enorme mudança. Não haveria como pagá-los com a parte da renda destinada à CBF, 5%."
Em entrevista à TV Record, anteontem à noite, o ministro Agnelo Queiroz (Esporte) afirmou que é mesmo a CBF quem deve arcar com a arbitragem.
Além do Corinthians, pelo menos três outros clubes mandantes pagaram o trio de arbitragem: Santos, Atlético-MG e Grêmio.
Oficialmente, só do Vasco não foi descontada a taxa. "Não paguei porque não tive dinheiro e porque isso é ônus da CBF", disse o vascaíno Eurico Miranda, que alegou ter tido prejuízo de mais de R$ 20 mil no jogo de seu time contra a Ponte Preta, no sábado.


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