São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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JUCA KFOURI

Copa de papel


Em plena era de internet, blogs e googles, sites e sítios, nada como o velho paper. Quer dizer, papel


DIZEM QUE o jornal, isto que você tem na mão agora, vai acabar. Pelo menos como conhecemos, deste jeito, em papel. Dizem, também, que o que importa é o conteúdo, não a plataforma.
Ora, não só duvideodó que o jornal acabe. A plataforma, ainda por cima, é importante sim.
Tanto que este jornal que você lê promete ser o do futuro, como o espanhol "El País" talvez já seja o que mais se aproxima de um veículo pós-notícia.
Polêmicas à parte, eis que, em uma época em que é tão fácil buscar e achar informações nos inúmeros sítios da vida internética, surgem, às vésperas de mais uma Copa, não um, nem dois, mas três grandes livros sobre o evento mais visto pelo mundo.
Livros! Tão pesados que, juntos, atingem quase quatro quilos -três quilos e 810 g, para ser preciso. Juntos, têm quase 2.000 páginas -1.964, para ser exato. Somados, custam cerca de R$ 180. Aqui, a exatidão tão necessária é precária. Em rápida pesquisa, encontram-se preços que variam bastante.
O que tem mais páginas, 916, é o que custa mais, R$ 70, embora pese um quilo e cem gramas -é o segundo mais pesado. É a "Enciclopédia das Copas do Mundo", do curitibano Luiz Fernando Baggio.
O mais pesado, com um quilo e 900 gramas, tem 608 páginas e é vendido por R$ 55. É o "Mundo das Copas", do também curitibano Lycio Vellozo Ribas.
E, com "apenas" 440 páginas, 810 gramas e também por R$ 55, temos o "Almanaque dos Mundiais", de Max Gehringer, que é de Jundiaí.
O primeiro é da editora Lua de Papel, com prefácio de Tostão. O segundo é da editora Nova Terra. E o terceiro, da editora Globo.
Os três têm cheiro, textura e charme, além, é claro, de informações preciosas e de curiosidades bem sacadas, algumas bem engraçadas. Podem, perfeitamente, concorrer com o álbum de figurinhas da Copa que faz furor pelo país afora.
Tudo no papel, as figurinhas inclusive, é claro. Ou alguém já colecionou figurinhas no computador? Porque os profetas que me perdoem, mas o papel é fundamental.
A palavra impressa tem uma autoridade, uma permanência, uma eternidade mesmo, que ainda está para nascer quem vá destroná-la.
De minha parte, só sei que vou levar as três obras em minha já pesada bagagem para a África do Sul.
Porque nada como ter à mão, ao lado do computador ou no criado-mudo algo assim tão perfumado e acessível, que não depende de mais nada, nem esquenta no colo. Ao contrário, acaricia.

blogdojuca@uol.com.br


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