JOSÉ ALAN DIAS
ALEXANDRE GIMENEZ
da Reportagem Local

O Corinthians terá um profissional do vôlei como o responsável por seu departamento de futebol. José Roberto Guimarães, 44, técnico da seleção masculina campeã em Barcelona-92, será oficializado entre hoje e amanhã no cargo.
Guimarães é o primeiro nome definido pelo fundo de investimento norte-americano HMTF (Hicks, Muse, Tate & Furst Incorporated) para comandar a Corinthians Licenciamentos, empresa que irá controlar o futebol do clube nos próximos dez anos.
A HMTF é dona de 85% das cotas do empreendimento. O Corinthians controla 15%.
Neste ano, o fundo destinará cerca de R$ 28 milhões para o clube quitar suas dívidas, além de aproximadamente R$ 25 milhões para a folha de pagamento do departamento de futebol.
Em troca, a HMTF ficará com as receitas do clube, como merchandising, bilheterias, cotas por jogos amistosos, publicidade na camisa e contratos de TV.
"Estou me sentindo na mesma situação de quando o (Carlos Arthur) Nuzman me convidou para dirigir a seleção brasileira (em 1992)", disse Guimarães, referindo-se ao atual presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e que, no começo da década, era o principal dirigente do vôlei nacional.
Sua contratação foi intermediada pela Traffic, agência de marketing que é ligada à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e que costurou o acordo entre Corinthians e HMTF.
"Ele vai acertar entre amanhã (hoje) e sexta (amanhã). Fizemos a nossa parte, que era indicar um nome", confirmou à Folha J. Hawilla, proprietário da Traffic.
A agência também irá escolher um diretor financeiro e um de marketing. Os economistas Eduardo da Rocha Azevedo e Luís Paulo Rosenberg, que já atuaram como consultores do Corinthians, são as opções para o primeiro cargo.
O convite foi feito há dez dias, por Hawilla, e ratificado anteontem, em reunião que também contou com Roberto Muller, presidente da Muller Sports Group, braço esportivo da HMTF.
Guimarães disse à Folha que ainda faltam definir os últimos detalhes de seu contrato. "Estou considerando vários aspectos, como o fato de o futebol ser uma paixão e a torcida do Corinthians ser composta pela metade da população de São Paulo. O fator financeiro não é o mais importante."
O ex-técnico acha que vai precisar de ajuda para se adaptar à nova função. Mas afirmou que não prevê muita diferença entre a administração no vôlei e no futebol.
Na temporada 98/99, ele estava administrando a equipe feminina de vôlei da UnG, que terminou a Superliga em quarto lugar. Depois da competição, o time foi extinto. "As coisas precisam funcionar bem, com razão. Mas sem deixar de lado a paixão."
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