São Paulo, quinta, 27 de maio de 1999

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Pelé confirma planos de criar Superliga no Brasil

das agências internacionais

O ex-jogador Pelé confirmou ontem que está estudando a possibilidade de criar uma Superliga de clubes no Brasil.
A Folha divulgou no dia 14 de março o projeto de Superliga com os grandes times do país idealizado pelo ex-ministro dos Esportes.
A Superliga, independente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), teria apoio da Media Partners, empresa que já tentou formar uma Superliga na Europa.
"Sim, nós estamos discutindo a questão com a Media Partners" disse Pelé em Barcelona, onde assistiu ontem à final da Copa dos Campeões entre Manchester United e Bayern de Munique.
O projeto de Pelé já pode ser viabilizado no país na medida em que foi aprovada lei, idealizada pelo ex-jogador, que permite a formação de ligas independentes.
"Com a Lei Pelé, nós tentamos dar aos clubes a oportunidade de virar empresas, como já são os clubes na Europa", disse Pelé.
Segundo a Lei Pelé, os clubes têm que virar empresas até março do ano que vem. Os grandes clubes do país já estão profissionalizando seus departamentos de futebol visando se adaptar à lei.
O Corinthians, por exemplo, é gerenciado agora pela multinacional norte-americana HMTF.
Pelé citou como exemplos de sucesso as transações recentes de Vasco e Flamengo, que fecharam contratos milionários com grandes empresas estrangeiras -o Vasco acertou com o Nations Bank, e o Flamengo fechou com a ISL, empresa de marketing esportivo que é parceira da Fifa.
"Não somente a Media Partners como também outros grupos estão adquirindo clubes no Brasil. Existe um monte de companhias querendo adquirir times", disse.
Em seu discurso, o ex-ministro dos Esportes mostrou-se contrário à formação de monopólios no setor, fato já levantado e desestimulado pela Fifa, entidade que comanda o futebol mundial.
"Se uma companhia tem três ou quatro times, isso pode ser perigoso para o futebol", disse.
Pelé, por meio de sua empresa de marketing esportivo, a Pelé Sports, representa a ISL no Brasil, poderoso grupo que já fechou com o Flamengo e que quer negociar com outros clubes, como o São Paulo -a Pelé Sports Marketing também representa no Brasil o Nations Bank, parceiro do Vasco.
O presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, disse que não irá permitir que dois clubes gerenciados pelo mesmo grupo disputem uma mesma competição.
Pelé disse que, com o apoio financeiro de multinacionais, os clubes brasileiros terão como manter em seus elencos os principais jogadores do país.
"Se a organização fosse melhor, talvez nós poderíamos manter os jovens jogadores no Brasil. O futebol brasileiro é hoje realmente um supermercado para clubes estrangeiros", disse Pelé.
O projeto de Superliga da Media Partners para a Europa esteve perto de ser concluído, mas a Uefa, entidade que controla o futebol europeu, cedeu aos interesses dos clubes e reformulou seu calendário.
A Media Partners ofereceu uma proposta de torneio milionário, envolvendo os principais clubes do continente. Os grandes clubes europeus jogariam a competição independentemente de suas posições nos campeonatos nacionais, que ficariam em segundo plano.
A Uefa resolveu então enriquecer seus torneios. Na próxima temporada, a Copa dos Campeões e a Copa da Uefa serão ampliadas, passando a ter mais times, especialmente dos países que contam com um futebol mais desenvolvido.
Em contrapartida, a Recopa não será mais disputada. A última edição do torneio foi disputada neste ano e teve a Lazio como campeã.



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