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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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FUTEBOL

Ofício revela que atacante da seleção tem uma empresa com os seus procuradores, acusados de lavagem de dinheiro

Ronaldo é sócio de presos por "propinoduto"

FERNANDA DA ESCÓSSIA
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Documento do Coaf enviado à Polícia Federal no Rio mostra que os empresários de futebol Reinaldo Pitta e Alexandre Martins, presos desde 2 de junho, são sócios do atacante Ronaldo (Real Madrid), não só seus procuradores.
Pitta e Martins são processados sob a acusação de atuar como doleiros do "propinoduto", o suposto esquema de corrupção de fiscais e auditores do Rio de Janeiro suspeitos de enviar ilegalmente para a Suíça US$ 33,4 milhões.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) é o órgão federal que coordena o combate à lavagem de dinheiro.
No ofício do Coaf, anexado aos autos do processo, Ronaldo, Pitta e Martins aparecem como sócios-gerentes da empresa Emporio Ronaldo do Brasil Ltda., que realiza serviços de publicidade.
Aberta em 13 de dezembro de 2001, a empresa está registrada na Junta Comercial do Rio de Janeiro. Consta como ativa e regular.
A Emporio Ronaldo foi atingida pelo bloqueio dos bens de Pitta e Martins, decretado pela Justiça Federal no Rio. Porém, até agora, não está envolvida nas investigações. Segundo a procuradora Marylucy Barra, nenhum jogador de futebol tem sido investigado.
Das empresas registradas em nome de Pitta e Martins, a Passabra Câmbio e Turismo e a Gortin Promoções Ltda. também tiveram bens bloqueados e sigilo quebrado. Segundo as investigações, seriam as empresas usadas para enviar ilegalmente ao exterior o dinheiro dos fiscais e auditores.
De acordo com o ofício do Coaf, o endereço da Emporio Ronaldo é o mesmo da Passabra e da Gortin. Em nome da Emporio estão registrados dois veículos BMW -um deles usado anteontem pelo atacante, após chegar ao Rio.
Pitta e Martins estão presos no presídio Ary Franco. Sem curso superior, estão em cela comum. Convocados para assistir anteontem ao depoimento das testemunhas de acusação, alegaram estar "seriamente abalados" e faltaram.
Pitta arrolou como testemunha de defesa a mãe de Ronaldo, Sônia Maria Nazário de Lima. Martins arrolou o pai do atacante, Nélio Nazário de Lima, e Rodrigo Paiva, assessor de imprensa de Ronaldo.

Contas no exterior
Pitta e Martins são acusados de sonegação fiscal, fraude na contabilidade e lavagem de dinheiro.
Eles confessaram que movimentavam contas em nome de cinco funcionários (o que é ilegal), alegando que isso facilitava os pagamentos dos jogadores.
A Polícia Federal chegou a eles graças a uma denúncia anônima. Descobriu que os dois conheciam auditores acusados, pois juntos disputavam uma pelada apelidada de "habeas corpus".
Hoje, além de Pitta e Martins, há 15 presos no caso do "propinoduto". Os pedidos de habeas corpus foram negados no TRF (Tribunal Regional Federal) do Rio.
Em agendas apreendidas na sede da Gortin e nas casas de funcionários da empresa foram localizadas anotações sobre quatro contas suspeitas no exterior.
Uma delas é uma conta em nome da Gortin no DBTC (Discount Bank and Trust Company), o mesmo banco suíço em que estão registradas as contas em nome dos fiscais e auditores.
O Ministério Público Federal quer também bloquear eventuais bens em nome de Pitta e Martins no exterior. Uma carta rogatória será enviada à Suíça e aos EUA indagando sobre empresas e contas bancárias em nome deles.


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