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FUTEBOL
Ofício revela que atacante da seleção tem uma empresa com os seus procuradores, acusados de lavagem de dinheiro
Ronaldo é sócio de presos por "propinoduto"
FERNANDA DA ESCÓSSIA
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Documento do Coaf enviado à
Polícia Federal no Rio mostra que
os empresários de futebol Reinaldo Pitta e Alexandre Martins, presos desde 2 de junho, são sócios
do atacante Ronaldo (Real Madrid), não só seus procuradores.
Pitta e Martins são processados
sob a acusação de atuar como doleiros do "propinoduto", o suposto esquema de corrupção de fiscais e auditores do Rio de Janeiro
suspeitos de enviar ilegalmente
para a Suíça US$ 33,4 milhões.
O Coaf (Conselho de Controle
de Atividades Financeiras) é o órgão federal que coordena o combate à lavagem de dinheiro.
No ofício do Coaf, anexado aos
autos do processo, Ronaldo, Pitta
e Martins aparecem como sócios-gerentes da empresa Emporio
Ronaldo do Brasil Ltda., que realiza serviços de publicidade.
Aberta em 13 de dezembro de
2001, a empresa está registrada na
Junta Comercial do Rio de Janeiro. Consta como ativa e regular.
A Emporio Ronaldo foi atingida
pelo bloqueio dos bens de Pitta e
Martins, decretado pela Justiça
Federal no Rio. Porém, até agora,
não está envolvida nas investigações. Segundo a procuradora
Marylucy Barra, nenhum jogador
de futebol tem sido investigado.
Das empresas registradas em
nome de Pitta e Martins, a Passabra Câmbio e Turismo e a Gortin
Promoções Ltda. também tiveram bens bloqueados e sigilo quebrado. Segundo as investigações,
seriam as empresas usadas para
enviar ilegalmente ao exterior o
dinheiro dos fiscais e auditores.
De acordo com o ofício do Coaf,
o endereço da Emporio Ronaldo é
o mesmo da Passabra e da Gortin.
Em nome da Emporio estão registrados dois veículos BMW -um
deles usado anteontem pelo atacante, após chegar ao Rio.
Pitta e Martins estão presos no
presídio Ary Franco. Sem curso
superior, estão em cela comum.
Convocados para assistir anteontem ao depoimento das testemunhas de acusação, alegaram estar
"seriamente abalados" e faltaram.
Pitta arrolou como testemunha
de defesa a mãe de Ronaldo, Sônia
Maria Nazário de Lima. Martins
arrolou o pai do atacante, Nélio
Nazário de Lima, e Rodrigo Paiva,
assessor de imprensa de Ronaldo.
Contas no exterior
Pitta e Martins são acusados de
sonegação fiscal, fraude na contabilidade e lavagem de dinheiro.
Eles confessaram que movimentavam contas em nome de
cinco funcionários (o que é ilegal), alegando que isso facilitava
os pagamentos dos jogadores.
A Polícia Federal chegou a eles
graças a uma denúncia anônima.
Descobriu que os dois conheciam
auditores acusados, pois juntos
disputavam uma pelada apelidada de "habeas corpus".
Hoje, além de Pitta e Martins, há
15 presos no caso do "propinoduto". Os pedidos de habeas corpus
foram negados no TRF (Tribunal
Regional Federal) do Rio.
Em agendas apreendidas na sede da Gortin e nas casas de funcionários da empresa foram localizadas anotações sobre quatro contas suspeitas no exterior.
Uma delas é uma conta em nome da Gortin no DBTC (Discount
Bank and Trust Company), o
mesmo banco suíço em que estão
registradas as contas em nome
dos fiscais e auditores.
O Ministério Público Federal
quer também bloquear eventuais
bens em nome de Pitta e Martins
no exterior. Uma carta rogatória
será enviada à Suíça e aos EUA indagando sobre empresas e contas
bancárias em nome deles.
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