São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Suíça cai com defesa intacta

Ucrânia avança nos pênaltis e, pela 1ª vez, uma seleção é eliminada da Copa sem ter sofrido gols

No confronto em que os rivais foram vaiados após 120 minutos sem gols, suíços erram todas as suas cobranças no desempate


UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A COLÔNIA

Suíça e Ucrânia terminaram ontem o tempo regulamentar sob vaias da torcida. O gesto se repetiu no intervalo da prorrogação. Era a resposta do público a um jogo em que predominaram os erros e que foi o único 0 a 0 das oitavas-de-final.
A disputa de pênaltis consagrou o jogo dos erros. Shevchenko, o astro ucraniano, errou o seu logo de cara. A Suíça perdeu as três penalidades que cobrou. O primeiro gol só saiu quando o segundo batedor da Ucrânia, Milevskiy, bateu à la Djalminha e converteu.
Ao final, deu Ucrânia, 3 a 0. A única representante que restou do Leste Europeu no Mundial enfrentará a Itália nas quartas-de-final. O jogo será na sexta-feira, em Hamburgo.
Com o resultado, a Suíça torna-se a primeira seleção na história a deixar uma Copa sem levar gols com a bola rolando e também sem acertar sequer uma cobrança de pênalti.
Num jogo em que as atenções se voltavam para o duelo entre Shevchenko e Zuberbühler, goleiro da Suíça, foi o arqueiro ucraniano que brilhou. Shovkovskyi, eleito o melhor em campo, defendeu duas cobranças de pênalti e ainda viu uma delas bater no travessão.
Os 120 minutos sem gol serviram ao menos para o suíço chegar a quatro jogos invicto nesta Copa. Ao todo, foram 390 minutos sem tomar gol. É o melhor desempenho desde 1990, quando Zenga, da Itália, atingiu 518 minutos sem ser vazado.
Os "recordes", porém, não escondem o que foi o jogo. O número de passes errados da partida ficou bem acima da média da Copa. Sem considerar a prorrogação, foram 141 erros de passe. A média é de 106. A Ucrânia errou 77 vezes, e a Suíça, 64, segundo o Datafolha.
Também os chutes a gol não tinham endereço certo. A Ucrânia errou oito dos dez chutes que arriscou ao longo da partida. A Suíça, seis de 12. No jogo de ontem, em Colônia, não houve nem sequer jogadas mais duras para esquentar o clima, como havia acontecido no duelo entre Portugal e Holanda, anteontem.
Ao longo dos 120 minutos, o árbitro precisou dar apenas um cartão amarelo. Foi o mais demorado da Copa. Veio só aos 13min do segundo tempo. Além de Suíça e Ucrânia, apenas o jogo de estréia, Alemanha e Costa Rica, teve um único cartão.
O começo da partida indicou o que seria o resto do jogo. As duas equipes, lentas, não conseguiam chegar ao gol adversário. A Ucrânia arriscou apenas três vezes no primeiro tempo, sendo dois chutes de fora da área. O lance mais perigoso, uma cabeçada de Shevchenko, tocou o travessão.
A Suíça, embora tenha arriscado mais nos primeiros 45 minutos -oito chutes-, só acertou a meta rival três vezes. Frei, em cobrança de falta, mandou na forquilha. Foram os dois únicos lances de real perigo.
A 10 minutos do final do segundo tempo, o lateral Magnin, da Suíça, fez uma jogada que seria trivial em qualquer jogo. Foi à linha de fundo, cruzou mal, e a zaga afastou para escanteio. Foi o suficiente para ele pedir empolgação aos torcedores. Deu certo, por 20 segundos.
Depois disso, a torcida só voltou a se empolgar com uma seqüência de dois ataques seguidos da Suíça, já na prorrogação. Durou quase um minuto, e terminou com um passe errado. O dia 26 de junho não dá mesmo sorte aos suíços. Nas outras duas vezes em que atuou nessa data em Copas (1954, na Suíça, e 1994, nos EUA), o time também saiu derrotado.


Colaboraram MARIO HUGO MONKEN e MARIANA BASTOS, da Reportagem Local

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