São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Sinal vermelho

Recorde de cartões ameaça despedaçar seleções nas partidas decisivas; 23 atletas dos dez times ainda no Mundial enfrentam problemas com suspensões ou lesões

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um fator sempre decisivo em torneios de curta duração ganhou importância na Copa do Mundo marcada por cartões vermelhos e jogadas ríspidas em campo: qual time terá menos mortos e feridos nas próximas partidas de mata-mata.
Ao se acumularem na competição, suspensões e contusões graves se tornaram ameaças concretas para as seleções, cada vez mais esfaceladas.
A distribuição recorde de cartões amarelos e vermelhos em Copas é o principal motivo para desfalcar os times. Até agora, foram 24 expulsões -média de 0,44 por jogo- e 256 amarelos -média de 4,74.
No total, 23 atletas dos dez times ainda no Mundial estão fora de jogos ou correm risco de suspensão de partidas futuras.
Protagonista de batalha com a Holanda, Portugal tem problemas com oito atletas, sete titulares. Itália e Inglaterra precisam refazer setores estratégicos. A Argentina pode perder parte da defesa. Gana é a segunda equipe mais indisciplinada.
Alemanha, Ucrânia, Espanha e França estão em situação melhor: não têm nenhum jogador suspenso. O Brasil também não, e apenas a contusão de Robinho atrapalha. Mas esses três últimos times jogam hoje, ainda pelas oitavas-de-final.
Preocupada, a Fifa já sinalizou suavizar sua posição de pedir punições duras ao antijogo e à violência. Ontem, o presidente da entidade, Joseph Blatter, criticou a atuação do árbitro Valetin Ivanov, que deu 16 amarelos e quatro vermelhos no jogo Portugal 1 x 0 Holanda.
"Ele merecia um cartão amarelo. E ainda houve falta de "fair play" dos jogadores", disse.
Mas, se errou, o juiz russo seguiu instruções passadas pela própria Fifa. Todos os árbitros foram orientados a punir com rigor agressões e antijogo (segurar bolas, simular faltas ou se jogar no chão). E os jogadores, por sua vez, foram avisados.
"Cada assessor da Fifa foi a uma seleção para dizer aos atletas que tipo de lance seria punido", contou Márcio Rezende de Freitas, um dos observadores de arbitragem que visitou times. "Se estão fazendo diferente, é culpa deles [atletas]."
A orientação da Fifa elevou o número de cartões amarelos, sem crescimento substancial no número de faltas. Em 2002, a média era de 35,4 faltas por jogo. Neste Mundial, é de 35,6.
Enquanto isso, aumentou 63% o número médio de expulsões e 20% o de amarelos.
Rezende se surpreendeu porque na partida entre Portugal e Holanda só houve 25 faltas, apesar dos 20 cartões. "No Brasil, tem jogo com 50 faltas em que ninguém é expulso."
Carlos Alberto Parreira também se disse perplexo com a quantidade de cartões. "A média de bola corrida tem sido de 58, 59 minutos. Não recebi o relatório, mas não deve ter dado mais do que 30. Entendo que foi um jogo disputado, mas o juiz não soube coibir o excesso dos jogadores", declarou.
Fato é que a partida tirou dois titulares lusos, Costinha e Deco, expulsos, das quartas-de-final contra a Inglaterra. E Portugal pode ficar sem jogadores importantes para as semifinais: Ricardo, Figo, Nuno Valente, Maniche e Petit têm amarelos. Cristiano Ronaldo está ameaçado por contusão.
Adversários, os ingleses têm como pendurados o goleiro Robinson, o zagueiro Terry e o atacante Carragher. Já Owen está fora da Copa por lesão.
Na Itália, a zaga não tem Nesta, contundido, e Materazzi, expulso contra a Austrália. O volante De Rossi está suspenso até as semifinais, por cotovelada na primeira fase.
Grosso, Gattuso e Zambrotta estão pendurados. Entre os argentinos, o zagueiro Heinze e o ala Sorín são os ameaçados.


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