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Goleiro derrota doença e preconceito
Howard, titular da seleção dos EUA, é portador da síndrome de Tourette e já foi classificado de "retardado" na Europa
Jogador, titular do inglês Everton, utiliza técnicas de relaxamento e concentração para driblar os efeitos do distúrbio neurológico
Siphiwe Sibeko - 24.jun.09/Reuters
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Tim Howard, ao término do inesperado triunfo dos EUA sobre a Espanha que levou seu time à final da Copa das Confederações
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
Um dos heróis da histórica
classificação dos EUA para a
decisão da Copa das Confederações, o goleiro Tim Howard,
30, sofre da síndrome de Tourette, um distúrbio neurológico
que tem como principal consequência provocar movimentos
involuntários dos músculos
que, em casos extremos, podem
se espalhar por todo o corpo.
Tudo o que poderia atrapalhar a vida de um goleiro, mas
com o que Howard -autor de
uma série de defesas decisivas
na vitória norte-americana
contra a Espanha, por 2 a 0, nas
semifinais do torneio- consegue conviver com naturalidade.
Tanto que, entre os jogadores
de seleção de seu país, foi um
dos que chegaram mais longe
em termos de clube -já defendeu o Manchester United e hoje é o titular do gol do Everton,
outro clube de bastante prestígio e torcida na Inglaterra.
Preconceito forte ele, que
nasceu em Nova Jersey, só teve
quando trocou o seu país pela
Europa, há seis temporadas.
Na época, os tabloides sensacionalistas ingleses chegaram a
estampar manchetes na linha
de "Manchester United quer
contratar goleiro retardado".
Os primeiros sintomas da
síndrome de Tourette apareceram em Howard quando ele tinha nove anos. Na escola, era
ridicularizado pelos colegas devido aos tiques nervosos -no
seu caso, os mais comuns hoje
são movimentos com a língua e
piscar frenético dos olhos.
Para se controlar durante os
jogos, Howard usa táticas de relaxamento. Ele evita tomar remédios, porque, afirma, isso
poderia atrapalhar seus reflexos durante as partidas.
Em uma entrevista à televisão norte-americana, declarou
que a doença nunca o atrapalhou no futebol. Segundo Howard, ele consegue se concentrar nos jogos a ponto de a síndrome jamais ter interferido
em seu desempenho quando
está sob as traves.
Mesmo sabendo que a síndrome de Tourette poderia
atrapalhar sua carreira, ele
nunca escondeu que sofria dela. E fez mais: virou uma espécie de porta-voz da doença.
"Existe muito preconceito e
falta de conhecimento sobre os
portadores da síndrome", afirmou Howard, que não é o único
esportista americano de renome que sofreu com ela.
Jim Eisenreich, por exemplo,
jogou por 17 temporadas na liga
americana de beisebol por quatro times diferentes mesmo
sendo acometido pelo distúrbio, que não foi obstáculo para
que Mahmoud Abdul-Rauf fosse escolhido na terceira posição
do "vestibular" da liga de basquete NBA em 1990.
(EAR E PC)
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